Diferença de preço do carro elétrico é compensada na economia de combustível
Um estudo recém-publicado traz que o gasto que os proprietários tiveram na hora de comprar seus veículos elétricos (EVs) é mais que compensado com os baixos custos em manutenção e combustível ao longo da vida útil. O dono sai, no fim das contas, no lucro.
A publicação vem da The Zero Emission Transportation Association (ZETA), a primeira coalizão dos EUA que atua com políticas de apoio à venda de EVs. É uma pesquisa nos EUA, mas várias de suas conclusões podem ser aplicadas a outros países.
Preços da gasolina disparam
Tais condições (pelo menos junto a combustível) se reforçam à medida que os preços da gasolina disparam. Os preços da eletricidade também passam por aumentos em algumas situações, mas eles permaneceram relativamente consistentes ao longo dos anos.
Enquanto isso, os preços do combustível para os carros a combustão se mostraram mais voláteis ao longo do tempo. Muito disso é visto inclusive agora, com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Os preços do petróleo atingiram recordes e os preços dos combustíveis que vêm dele estão seguindo o exemplo.
Joe Britton, diretor executivo da ZETA, foi incisivo: “Nossa análise mostra que os consumidores americanos não precisam escolher entre dirigir seu carro ou economizar dinheiro. Os veículos elétricos são acessíveis agora”.
Carregar veículos elétricos não depende do mercado do petróleo
Foram analisados três dos veículos movidos a combustão mais populares nos EUA (nas categorias SUV, picape e sedan), sendo observado um número selecionado de estados americanos, com o objetivo de comparar com modelos EV semelhantes.
No relatório, um dos destaques é dado aos custos de carregamento que não são dependentes dos mercados globais de petróleo e não estão sujeitos aos mesmos choques de preços, interrupções e escassez de oferta.
Britton acrescenta que a eletricidade “é mais barata que a gasolina e é produzida internamente a partir de recursos cada vez mais renováveis e derivados localmente”.
O diretor da ZETA também diz que os preços dos veículos elétricos continuarão a cair “à medida que o Congresso avança para aprovar novos investimentos transformadores em energia limpa para eletrificar o setor de transporte e reforçar a fabricação de automóveis”.
Com base nos detalhes do estudo, a associação sugere que, a partir deste mês de março, dirigir um carro elétrico é significativamente mais barato do que um equivalente movido a gasolina. O grupo de defesa dos EVs chega a dizer que “os veículos elétricos são 3-5 vezes mais baratos de dirigir por quilômetro do que os veículos movidos a gasolina”. Tendo membros como Lucid, Rivian e Tesla, a ZETA defende a adoção total dos EVs até 2030 nos EUA.
Realidade brasileira
“Tá, mas e o Brasil?”. Elétricos são caros por aqui: o mais barato é o chinês JAC E-JS1. Aqui ele custa R$ 165 mil. Em sua China natal, onde é chamado Sehol E10X, sai por 76 mil yuan, ou US$ 12.000 – R$ 57.350. Quase três vezes mais aqui.
O mesmo se aplica ao Nissan Leaf, o elétrico mais barato nos EUA. Lá custa US$ 28 mil, que na conversão seria R$ 133 mil, mas é vendido a R$ 287 mil. De novo, quase três vezes mais.
Em comparação, o carro a combustão interna mais barato do Brasil é Renault Kwid, que beira R$ 60 mil. Ele não é vendido no Primeiro Mundo mas, na Índia, país para o qual o modelo foi pensado, sai por 449 mil rúpias – por volta de R$ 28 mil. O dobro por aqui.
Mas elétricos são mais caros em todo lugar. Nos EUA da pesquisa, o convencional mais barato é o Chevrolet Spark, a US$ 14,395, custando metade do elétrico mais barato, o Leaf.
Ainda há muito que se avançar em políticas de impostos e incentivos para elétricos custarem “só” o dobro que lá fora, como os outros, ou carros em geral se tornarem minimamente acessíveis. Mas é de se prever que, se esses incentivos chegarem, irão favorecer elétricos.
Por outro lado, a eletricidade é bem mais barata no Brasil que nos EUA. Aqui o preço sai por volta de R$ 0,25 por kWh. Nos EUA, a média é US$ 0.1375, o que dá R$ 0,6593. Preços para operar veículos elétricos, mesmo nas bandeiras mais altas, são irrisórios em comparação a carros a combustão interna. A pesquisa nos EUA ainda não considerou outro fator: consertos, que são bem menores em carros elétricos.
Assim, se a gente não chegou lá ainda, de um elétrico cobrir seu preço em gasolina (ou etanol, no nosso caso), pode ser questão de tempo.
Por Ronnie Mancuzo – Olhar Digital