Você sabe responder se é fato ou fake?

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O melhor é não compartilhar se tiver dúvida se o conteúdo é verdadeiro ou falso

Fake news se espalham rápido e, na internet, todo mundo está sujeito a ser enganado por elas. Por isso, o g1 procurou especialistas para ajudar a identificar se uma mensagem é verdadeira ou não e dar dicas de como combater as mensagens falsas.

Entre as principais dicas dos especialistas para ajudar a combater fake news estão as seguintes:

  • Verificar se as mensagens que você recebe nas redes sociais são verdadeiras
  • Não compartilhar os conteúdos caso você tenha dúvida se eles são verdadeiros
  • Encaminhar a mensagem falsa para grupos de verificação de fatos, como o Fato ou Fake
  • Denunciar as mensagens falsas em sites e plataformas de redes sociais

Esta é a última reportagem da série de vídeos que tira as principais dúvidas das pessoas sobre fake news e que foi lançada pelo Fato ou Fake no dia 7 de março, no g1 e no YouTube. Publicados semanalmente, os episódios mostram também o que fazer para não se tornar uma vítima da desinformação.

PRIMEIRO EPISÓDIO: Por que as pessoas acreditam em fake news?

Veja abaixo mais detalhes sobre cada uma das dicas.

Verifique se as mensagens são verdadeiras

Segundo os especialistas, antes de repassar as mensagens que você recebe nas redes sociais para outras pessoas, é importante verificar se elas são verdadeiras. Para isso, alguns passos simples podem ser feitos, como ficar atento às informações, fontes e origens do conteúdo.

“As pessoas precisam começar a identificar melhor se a notícia não parece boa demais para ser verdadeira ou absurda demais para ser verdadeira. Outro detalhe importante é verificar a fonte. Esse site é conhecido? É possível identificar e responsabilizar quem escreveu o conteúdo? O site ou o jornal de fato publicou aquilo?”, diz Felipe Nunes dos Santos, professor

Como foi explicado no primeiro vídeo desta série, sobre “Por que as pessoas acreditam em fake news?”, quando as pessoas têm contato com mensagens que as deixam com raiva ou indignadas, elas perdem temporariamente o juízo de valor. Neste momento, a tendência é que elas compartilhem estes conteúdos sem pensar duas vezes.

Por isso, os criadores de fake news tendem a ser apelativas e exageradas para fazer com que as mensagens falsas se espalhem mais.

Além de usar o exagero, as mensagens também costumam não ter informações específicas, como datas e locais. Outros truques utilizados pelos criadores de fake news são: copiar a aparência de sites e jornais tradicionais e manipular imagens e vídeos. Veja mais sobre estes e outros truques no vídeo abaixo.

Além de ficar atento a essas características, o professor Santos ainda destaca que uma forma prática e fácil de verificar se as mensagens são verdadeiras é consultar os sites de verificação de fatos, como o Fato ou Fake.

“Temos no Brasil grandes e importantes agências que estão fazendo isso [verificação de fatos], e elas compõem um papel fundamental como fonte confiável de informação para preservar a nossa democracia”, diz.

Veja outras dicas para não cair em mensagens falsas a seguir:

  • Procurar informações e opiniões contrárias às nossas: “Você vai votar no candidato 1? Legal. Entra no candidato 2 e vê o que ele está falando também. Tenha contato com informações que são aparentemente incompatíveis, pois isso vai lhe dar uma opinião mais sensata e equilibrada”, diz o psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria da USP.
  • Reler as informações: “Sempre que eu leio alguma coisa que eu sinto que fiquei muito irritado, que me deixou indignado, eu falo: ‘Opa, estão atuando em cima de mim. Vamos devagar. Vamos ler isso de novo. Será que isso é verdade? Isso que está escrito é factível? Será que, de fato, esse candidato ou essa pessoa falaria isso?'”
  • Checar as informações em várias fontes: “Cruzar informações, buscar a origem e ter certeza”, diz Nabuco. “Faça uma leitura lateral. Abra uma aba do lado e pesquise. Será que algum jornal falou isso?”, diz Yurij Castelfranchi, professor da UFMG.
  • Jogar um trecho da mensagem em um buscador: “Veja se aquele trecho já aparece em outras fontes. Eu sei que a maioria das pessoas que acredita em fake news não confia nos jornalistas, mas a mídia é diversa. Se ninguém fala não é porque todo mundo esconde, é porque é mentira”, diz Castelfranchi.
  • Manter-se informado: Nabuco afirma que estar por dentro dos acontecimentos também ajuda a desconfiar e a não cair em informações falsas.

Na dúvida, não compartilhe

Se você seguiu as dicas do passo anterior e, mesmo assim, ficou em dúvida se a mensagem que recebeu é verdadeira ou não, não compartilhe. Caso você desconfie que o conteúdo é falso apenas pelo título ou pelo link, o ideal é que você nem clique, como afirma a advogada e especialista em direito digital, Gisele Truzzi.

“[É importante] não clicar de imediato nesse tipo de conteúdo, pois tem esse viés de caça-clique. Ao clicar, movidos pela curiosidade, a gente estimula ainda mais esse tipo de material. Então, por mais que a gente fique curioso, ao entender que aquilo é uma manchete de fake news, não clique. O indivíduo do outro lado, que está produzindo a fake news, ganha com esses cliques”, diz Truzzi.

No segundo episódio desta série, sobre “Por que as pessoas criam fake news?”, os especialistas apontaram que uma das principais motivações dos criadores de mensagens falsas é ganhar dinheiro. Por conta do funcionamento das redes sociais, eles conseguem renda através dos cliques e do engajamento que as mentiras geram. Veja mais informações no vídeo abaixo.

Rosental Alves, professor da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, concorda e reforça que as consequências do compartilhamento das mensagens mentirosas vão além do ganho financeiro dos criadores de fake news.

“É importante que as pessoas saibam que, quando elas passam uma notícia falsa adiante em um grupo de família, elas podem estar colocando em risco a vida de outras pessoas. Elas têm que colocar o ‘desconfiômetro’ para funcionar”, diz.

Denuncie as mensagens falsas

Para complementar a dica anterior, a advogada Gisele Truzzi diz ainda que é preciso denunciar as mensagens falsas através das ferramentas disponibilizadas pelas redes sociais e pelos sites.

“Veja onde a matéria está hospedada. É um site de notícia? Rede social? É um blog desconhecido? Verifique se tem nesse site ou nessa página algum botão para você reportar o conteúdo como sendo uma fake news”, diz Truzzi.

Foto Canva Studio

Encaminhe as mensagens para o Fato ou Fake

Outra dica citada pelos especialistas como uma ótima forma de ajudar a combater a desinformação é utilizar os grupos de verificação de fatos como aliados. Para isso, é importante que as pessoas participem e mandem sugestões de conteúdos que estão circulando e que podem ser falsos.

“Encaminhe o link para as agências de verificação de fatos. Eu entendo que isso é essencial. É uma medida de conscientização que nós, brasileiros, precisamos ter, desenvolver e disseminar para a gente poder evitar ao máximo o compartilhamento desse tipo de conteúdo”, diz Truzzi.

Rosental Alves concorda: “As pessoas têm que participar. Têm que ajudar a informar esses sistemas [de checagem de fatos] de que está havendo esse fluxo [de mentiras], que o gabinete do ódio ou algum maluco está espalhando uma notícia falsa. Ou seja, o trabalho dos ‘fact checkers’ tem que ser um trabalho interativo com as pessoas”.

Cobre de quem compartilha mensagens falsas

O advogado e diretor do InternetLab, Francisco Brito Cruz, considera que o combate à desinformação também é uma questão política.

“Os políticos têm que ser cobrados com soluções para os problemas das fake news. E precisa cobrar quando eles compartilham fakes, porque só assim a gente consegue discutir isso além do ponto de vista individual, mas também do ponto de vista da sociedade”, contou Francisco.

Inclusive, no terceiro episódio desta série, cujo tema foi “Criar e compartilhar fake news é crime?”, os especialistas explicaram que não existe ainda uma legislação específica sobre as mensagens falsas, mas criadores e compartilhadores podem responder por crimes como calúnia, difamação ou mesmo racismo, a depender do conteúdo da mensagem falsa compartilhada.

Por Clara Velasco, Gessyca Rocha e Roney Domingos – g1