A verdade por trás dos mitos sobre vinhos

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Alguns são tão polêmicos que geram discussões nas redes sociais e nas rodas de amigos

O vinho é uma bebida tão antiga e apreciada que não é difícil acreditar que existam regras ou dicas de como escolher e consumir o vinho. Mas será que tudo que dizem por aí é verdade?

Mas, no final das contas, beber vinho não precisa ser difícil. Descubra no Tudo Gostoso os principais mitos e verdades sobre vinhos.

Vinho com rolha é melhor?

Tem quem acredite até hoje que o vinho com rolha é o melhor e que o vinho com tampa de rosca é inferior. Mas é um mito. A maneira de fechar a garrafa tem mais a ver com o tipo de vinho do que com a qualidade dele. A rolha deixa entrar parte do ar dentro da garrafa, o que colabora para o envelhecimento do vinho. Só que, por mais que o vinho tenha a fama de ser melhor envelhecido, nem toda bebida é feita para essa finalidade.

A maioria dos vinhos, principalmente os mais acessíveis, são feitos para serem bebidos quando ainda jovens, ou seja, em poucos meses ou anos após a fabricação. Nesses casos, a tampa de rosca é melhor porque ela veda melhor a garrafa e evita que a oxidação prejudique o frescor. Por isso, deixe esta antiga crença de lado e dê chance para os vinhos sem rolha.

O relevo do fundo da garrafa indica qualidade?

O fundo côncavo da garrafa de vinho tem várias utilidades, mas nenhuma delas afeta a qualidade da bebida. Ela pode ser usada para facilitar no armazenamento e no serviço, usando o espaço para apoiar o dedo. Em casos bem específicos de vinhos com um longo processo de envelhecimento, o formato da garrafa pode ajudar na decantação. Mas a existência do fundo côncavo tem mais valor de tradição e de estilo do que de qualidade.

Vinho tinto seco é o único vinho de verdade?

Existem pessoas que acreditam que vinho tinto é superior ao vinho branco e que vinhos doces não têm o mesmo valor dos vinhos secos. Tudo isso é mito. Existem bons vinhos de todos os tipos. Vinho do porto, jerez e riesling são bons exemplos de vinhos de alta qualidade que fogem do padrão de vinho tinto seco. A diferença entre o vinho tinto e o branco é apenas o tipo de uva e processo de fermentação.

A caracterização entre vinho seco e doce depende da concentração de açúcar na bebida. Mas calma que não estamos falando necessariamente de aditivos! A própria uva durante a fermentação deixa um residual de açúcar que dá sabor doce. Segundo a classificação, vinhos secos ou meio secos têm menos de 25 gramas de açúcar por litro e qualquer valor acima disso é vinho doce. Só alguns vinhos suaves possuem aditivo de açúcar.

A grande questão na disputa entre vinho seco e doce na verdade é a ocasião. Ao apreciar um doce, o sabor do vinho seco não vai agradar. A regra é que o vinho deve ser mais doce do que o alimento que o acompanha. Por isso que um prato salgado funciona tão bem com um vinho seco, mas, com uma sobremesa, o vinho doce, também chamado de vinho de sobremesa, é o mais indicado.

Vinho feito com apenas um tipo de uva é superior ao vinho com blend de uvas?

Outra briga entre os apreciadores de vinhos é entre varietal e blend. O varietal é aquele feito com apenas um tipo de uva. Já o blend usa vários tipos em uma bebida, mas nem por isso é inferior. Muito pelo contrário, alguns dos melhores vinhos do mundo são blends que harmonizam uvas diferentes com perfeição. É o caso dos vinhos de Bordeaux que usam o chamado corte bordalês combinando uvas Merlot, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon.

A forma correta de servir vinho é com decanter e taça?

Não necessariamente. O decanter é usado para acelerar o envelhecimento ao oxigenar o vinho, deixando um aroma mais forte e o álcool menos evidente. Mas este utensílio é mais interessante para vinhos que ficam melhores bem envelhecidos. Em outras palavras, o decanter é tão útil quanto elegante, mas não é necessário para a maioria dos vinhos, principalmente quando vai beber casualmente em casa.

Já a taça não é obrigatória, mas indicada. É possível beber até em um copo se quiser, mas a taça tem as suas vantagens. A primeira é deixar a sua mão longe do contato com a bebida, o que impede que o calor do seu corpo esquente o vinho. A segunda é o formato. O vinho é uma bebida que sofre alterações com facilidade ao sair da garrafa.

Desta maneira, a típica taça com corpo mais largo e boca mais fechada ajuda a segurar o vinho como está por mais tempo, evitando alterações no sabor. No caso de vinhos espumantes, uma taça com boca mais estreita é ideal para evitar que as bolhas saiam. Por isso que a elegante taça Maria Antonieta, com boca bem larga, não é adequada para vinho.

Vinho reservado é igual a vinho de reserva?

Este é um erro comum, mas os termos não são sinônimos! Vinho de reserva é o nome dado para vinhos que envelheceram em barricas por um certo tempo e acabam recebendo a fama de serem melhores. Mas o vinho reservado é uma categoria de vinhos do Chile para produtos sem envelhecimento e com preço bem mais acessível.

Vinho envelhecido em barrica é melhor?

Nem sempre. Envelhecer vinho em barrica é um processo que altera o sabor da bebida para ficar com toques amadeirados. Já os vinhos jovens têm um gosto mais puxado para o frutado. Um não é melhor do que o outro, tudo depende da preferência da pessoa.

Todo vinho é vegano?

Surpreendentemente, não. É comum os vinhos usarem proteína de origem animal, como da clara do ovo, para o líquido ficar uniforme e transparente. Por causa disso, atualmente existem os vinhos veganos, que não utilizam este recurso no processo.

Vinho deve ser consumido em temperatura ambiente?

Por causa da sensibilidade do vinho, ele tem uma temperatura ideal para consumo. No entanto, o que é chamado de temperatura ambiente em um país europeu e no Brasil é diferente. A temperatura ideal na maioria das vezes é entre 15ºC e 18ºC, bem distante do que acontece no nosso verão para dizer o mínimo. Para chegar nessa temperatura, deixe o vinho guardado em uma gaveta ou armário longe do calor ou frio e bote para gelar por 20 minutos antes de beber.

Deixar o vinho tinto direto na geladeira vai fazer com que ele perca parte do seu gosto. A exceção para isso são os vinhos mais encorpados que são menos afetados pela mudança de temperatura. Já o vinho branco e o espumante podem ser servidos bem gelados sem problemas.

Por Tudo Gostoso