Uma marca de carro, em uma propaganda recente, tenta desconstruir a ideia histórica do início dos anos 2000 que a sociedade e cientistas do mundo todo faziam para os “novos tempos”. Colocam crianças para falar as características que o carro teria. Usando, teoricamente, a imaginação infantil, a propaganda vem apontando acertos entre o que pensava a criança, os adultos e, principalmente, em análise fria e balizada os cientistas.
As projeções e as expectativas todos nós conhecemos. As científicas e as juvenis, contrário ao que a propaganda tenta desconstruir, era que carros voariam. Apontado por mim em outro texto, “quem matou a ciência”, o capitalismo impediu que carros de hoje, o futuro da minha infância, atestada por cientistas em seus cálculos, balizados e confirmados pela realidade factível, onde foguetes decolariam e pousariam na vertical. Misteriosamente, carros não voam e usam crianças para dizer ser isso. Longe das previsões, carro voar é uma ilusão aqui no presente.
O que a indústria automobilística capitalista tenta fazer é imprimir vergonha no pensamento e minimizar a promessa não cumprida por interesses contra evolutivos tecnológicos. Na minha tenra idade, imaginávamos, baseado em projeções científicas, que teria uma máquina que enxergaria dentro do nosso corpo. Poderíamos ver nossos órgãos, ossos e veias, em tempo real, hoje temos tomografia e ressonância, bem como ultrassonografia, os cientistas acertaram e eu fui agraciado com meu sonho e minha esperança, foguetes iriam, como já disse antes, decolar e pousar na vertical. Isso também se confirmou. Fazer uma ligação à distância de vídeo, lá atrás, gurizinho, sonhando com o futuro, também aconteceu no hoje. Máquinas que “imprimem” comida e uma realidade, forno auto limpante, tecidos que não amassam, comidas conservadas sem perder o sabor, remédios até para impotência sexual, tudo, tudo aconteceu. Mas tudo que aconteceu, só aconteceu por que evoluir, desenvolver, aprimorar, virou sinônimo de lucro, mas carros “voando”, hoje representa despesa e deixá-los no chão representa lucro fácil de empresário picareta. Se a proposta de lucro fácil se aplicasse a tudo que evoluiu e que podemos usufruir hoje, assim como o carro que não voa, ainda estaríamos usando máquina de escrever manual, o forno, contrário ao micro ondas ainda seria a lenha, quando muito a gás, mulheres andariam de “bobis” na cabeça coberto por lenços coloridos ao sair do salão de beleza e as colheitas ainda seria usando uma estrovenga e um forcado.
A propaganda do carro que representaria o futuro não é só uma mentirosa ideia, mas pior que isso, é ofensiva e discriminatória, usando crianças do passado para chamar os adultos de presente de imbecis, bobos ou loucos.
Não coloquei a marca do veículo pois não farei propaganda para pilantra que subjuga minha capacidade intelectual usando artifício que, sem medo de errar, digo ser tosco e me atrevo a dizer criminoso. Hoje sou adulto, consumidor desse tipo de produto, do carro e por essa tentativa de esconder uma prática anti evolutiva e tentar subestimar minha inteligência jamais comprarei nada dessa empresa. A tecnologia que ela tenta mostrar, que a marca tem e tão somente a tecnologia de enganar pessoas boas, crédulas e decentes, para vender carroças que eles insistem em chamar de automóvel.
Por José Ribas Woitschach
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