A Revolução da Inclusão: Inteligência Artificial Amplia Autonomia para Pessoas com Deficiência

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No Brasil, iniciativas acadêmicas demonstram como a IA pode transformar a inclusão

A Inteligência Artificial (IA) tem desempenhado um papel estratégico no desenvolvimento de tecnologias voltadas à acessibilidade, proporcionando maior autonomia e qualidade de vida para pessoas com deficiência. Avanços em algoritmos, aprendizado de máquina e visão computacional permitem que essas ferramentas sejam cada vez mais eficazes na adaptação às necessidades individuais dos usuários.

Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) desenvolveram jogos virtuais para crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os recursos sensoriais, como som, toque e visão, são utilizados para estimular o aprendizado e a comunicação. Durante as atividades, um sistema de Inteligência Artificial registra as interações das crianças, analisando seu desempenho. O projeto, realizado no campus da UFF em Volta Redonda (RJ), conta com o apoio de especialistas como fonoaudiólogos, educadores e psicopedagogos.

Outra inovação voltada à acessibilidade é a “Dorina IA”, uma ferramenta desenvolvida para auxiliar pessoas com deficiência visual na leitura e compreensão de textos e imagens. A tecnologia busca tornar o conteúdo digital mais acessível, promovendo maior independência para pessoas cegas ou com baixa visão.

Já o “Be My Eyes” combina IA e uma rede global de voluntários para oferecer suporte em tempo real a pessoas com deficiência visual. A plataforma permite que usuários solicitem assistência por meio de chamadas de vídeo, possibilitando que voluntários os auxiliem na identificação de objetos, leitura de rótulos e navegação em ambientes desconhecidos. O sistema conta ainda com um assistente virtual baseado em IA, o “Be My Eyes AI”, que utiliza visão computacional e aprendizado de máquina para reconhecer objetos e interpretar imagens.

“O usuário faz a solicitação por meio de uma chamada de vídeo ao vivo. O voluntário vê, então, o ambiente do usuário em tempo real e oferece assistência visual para identificar objetos, ler rótulos, navegar em ambientes e até interpretar imagens ou documentos. É uma solução ágil que combina a capacidade humana e a tecnologia para facilitar o cotidiano de quem tem deficiência visual”, explica o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.

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IA e autonomia: ferramentas acessíveis para o dia a dia

Além dessas inovações, diversas tecnologias baseadas em IA têm ampliado a autonomia das pessoas com deficiência. Entre os principais recursos disponíveis estão:

Leitores de tela (JAWS e NVDA) – Convertem textos digitais em fala ou Braille, permitindo que usuários naveguem por websites, aplicativos e documentos com mais precisão.

Reconhecimento de voz (Dragon NaturallySpeaking, Google Assistant e Siri) – Viabilizam a interação com dispositivos por comandos de voz, beneficiando pessoas com deficiência motora ou dificuldades de digitação.

Tradução automática de Libras (SignAll e Enable Talk) – Facilitam a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes ao converter a linguagem de sinais em texto ou fala.

Sistemas de acessibilidade auditiva (Otter.ai e Google Live Transcribe) – Realizam a transcrição em tempo real de diálogos e palestras, garantindo maior inclusão para pessoas com deficiência auditiva.

Exoesqueletos e robôs assistivos (ReWalk e Ekso Bionics) – Dispositivos robóticos auxiliam pessoas com deficiência motora na realização de movimentos e deslocamentos.

Tecnologias para deficiência cognitiva (CogniFit e BrainHQ) – Aplicativos que utilizam IA para treinar habilidades cognitivas em pessoas com deficiência intelectual ou distúrbios neurológicos.

Para especialistas, a Inteligência Artificial desempenha um papel essencial na construção de uma sociedade mais acessível e inclusiva. “A tecnologia tem quebrado barreiras e ampliado a participação das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida. Quanto mais evoluírem essas ferramentas, maiores serão as oportunidades para que todos possam exercer sua cidadania com autonomia e independência”, conclui André Naves.

Por Andreia Constâncio