T-Cross 200 TSI

Bem equipado e com bom motor, SUV é um bom negócio, mas a central multimídia VW Play ainda precisa evoluir

Após um começo de carreira um pouco complicado, o Volkswagen T-Cross foi encontrando seu espaço no mercado, chegando a ser o SUV mais vendido do país em 2020 – impulsionado pelas vendas para PCD. E, quanto mais um carro vende, mais é considerado uma boa opção por seu sucesso. Hoje, a porta de entrada da gama é o Volkswagen T-Cross 200 TSI, versão sem nome que custa R$ 104.190 com câmbio manual e R$ 112.790 com transmissão automática, como o testado aqui.

Foto motor1

O que ajudou muito o Volkswagen T-Cross 200 TSI a virar uma versão bem interessante é o fato da marca alemã ter apostado em um crossover mais barato, o irmão Nivus. Como o modelo com ares de cupê chegou com uma boa lista de equipamentos, a fabricante teve que deixar o T-Cross mais recheado sem cobrar muito mais em sua configuração de entrada.

Mesmo que todos os automóveis tenham encarecido consideravelmente nos últimos 2 anos, o T-Cross em sua versão automática está cobrando um pouco mais do que a concorrência. Um Chevrolet Tracker 1.0 LT automático custa R$ 105.270, enquanto o Jeep Renegade 1.8 Sport AT sai por R$ 101.890. O SUV alemão acaba se apoiando no equilíbrio entre uma lista de equipamentos mais completa do que o Renegade e uma motorização mais empolgante do que o Tracker.

“Além de um Polo altinho”

O parentesco entre os modelos com a plataforma MQB-A0 faz com que compartilhem muitas peças, ao ponto de que o acabamento do T-Cross 200 TSI seja praticamente o mesmo que podemos ver no Polo, Virtus ou Nivus. É plástico duro por quase o painel, sem a faixa colorida que aparece somente a partir da versão Comfortline. Esse acabamento muda um pouco na parte central, que atravessa na altura da central multimídia e na porta perto das maçanetas.

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Essa semelhança continua pela disposição de todos os equipamentos, como os comandos do ar-condicionado, os botões usados, o volante e o painel de instrumentos. Em alguns casos, está perto até de carros mais baratos como Gol, Voyage e Fox, já que a empresa segue usando os mesmos controles para todos eles. Ainda tem uma identidade mais própria, com alguns detalhes apenas do SUV, como a alavanca do câmbio.

A parte mecânica também é igual ao dos demais modelos MQB-A0, usando o conhecido 1.0 TSI de três cilindros. O propulsor turbo (com injeção direta, onde ele se diferencia do Tracker) entrega até 128 cv a 5.500 rpm e 20,4 kgfm de torque a partir de 2.000 rpm, quando abastecido com etanol, trabalhando com uma transmissão manual ou automática, sempre com 6 marchas e tração dianteira.

Apesar disso tudo, chamar o T-Cross de “Polo altinho” não faz tanto sentido assim pela diferença de tamanho. Com 4,19 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,56 m de altura e um entre-eixos de 2,65 m (o mesmo do Virtus), o SUV compacto entrega mais espaço interno e um porta-malas de 373 litros. Na prática, significa mais espaço nos bancos traseiros, embora ainda possa ficar apertado ao colocar cinco adultos, e um porta-malas mediano – o Nivus, apesar de ter menos espaço no banco traseiro, tem porta-malas maior.

Travou de novo?

Até um tempo atrás, a Volkswagen apostava muito em uma grande quantidade de pacotes opcionais e versões para os seus carros. Isso mudou, com linhas mais enxutas e uma variedade menor de itens a serem pedidos à parte. No caso do T-Cross 200 TSI, isso aparece com apenas um opcional, o chamado “Pacote Interactive IV”. Custa R$ 2.500 e adiciona câmera de ré, espelhos laterais com ajuste elétrico e rebatimento, rodas de liga leve de 17”, e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro. Mesmo com este pacote, o preço sobe para R$ 115.290, ainda bem abaixo dos R$ 127.390 da versão Comfortline.

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Isso significa que traz uma lista razoável, sem dever muitos itens. Tem seis airbags (frontais, laterais e de cortina), ar-condicionado, direção elétrica com ajuste de altura e profundidade para a coluna, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, computador de bordo, iluminação diurna em LED, faróis de neblina, lanternas em LED, rodas de liga leve de 16”, sensor crepuscular, vidros elétricos com função one-touch para os dianteiros e a central multimídia VW Play com tela de 10,1”.

Normalmente, ter uma central multimídia seria um ponto positivo, mas, com esta unidade do T-Cross, eu acabei experimentando as reclamações que os clientes da marca fazem sobre a VW Play. Desenvolvida no Brasil, ela veio para substituir a Discover Media usado nos modelos anteriores e, no papel, parece ser um bom sistema. O problema é que ainda é muito instável, com travamentos aleatórios e bugs.

Um dos momentos onde o VW Play travou durante nossos testes.

No primeiro problema que deu, a tela simplesmente apagou do nada, ficando totalmente preta, embora continuasse a transmitir os sons via Bluetooth como música e instruções do GPS. Só voltou a funcionar após desligar e ligar o SUV completamente. Na segunda, a imagem sumiu de novo, retornando segundos depois e repetindo isso algumas vezes. Novamente, só estabilizou ao religar o veículo. Em outros momentos, o menu principal perdia a formatação, mostrando tudo nos tamanhos errados.

Por medo de que fosse a conexão com o smartphone, passei a não utilizar o Bluetooth e compartilhei a internet do celular para usar o Waze nativo da VW Play. Não adiantou muita coisa, pois a tela apagou de novo e, quando voltou, o navegador não funcionava mais direito e a tela principal do software voltou a ficar deformada.

Foto motor1

Em nota, a Volkswagen afirma que “assim como ocorre em smartphones, o VW Play vem recebendo atualizações de seu sistema operacional. A primeira geração de atualização ocorreu em setembro e, em breve, novas atualizações estarão disponíveis trazendo novos recursos e proporcionando melhorias de performance no sistema.” Alguns clientes tiveram que levar os carros nas concessionárias e trocar totalmente o sistema, como é possível ver relatos em grupos de proprietários nas redes sociais.

Um dos momentos onde o VW Play travou durante nossos testes.

No primeiro problema que deu, a tela simplesmente apagou do nada, ficando totalmente preta, embora continuasse a transmitir os sons via Bluetooth como música e instruções do GPS. Só voltou a funcionar após desligar e ligar o SUV completamente. Na segunda, a imagem sumiu de novo, retornando segundos depois e repetindo isso algumas vezes. Novamente, só estabilizou ao religar o veículo. Em outros momentos, o menu principal perdia a formatação, mostrando tudo nos tamanhos errados.

Por medo de que fosse a conexão com o smartphone, passei a não utilizar o Bluetooth e compartilhei a internet do celular para usar o Waze nativo da VW Play. Não adiantou muita coisa, pois a tela apagou de novo e, quando voltou, o navegador não funcionava mais direito e a tela principal do software voltou a ficar deformada.

Em nota, a Volkswagen afirma que “assim como ocorre em smartphones, o VW Play vem recebendo atualizações de seu sistema operacional. A primeira geração de atualização ocorreu em setembro e, em breve, novas atualizações estarão disponíveis trazendo novos recursos e proporcionando melhorias de performance no sistema.” Alguns clientes tiveram que levar os carros nas concessionárias e trocar totalmente o sistema, como é possível ver relatos em grupos de proprietários nas redes sociais.

Bem acertado

Atualmente, o T-Cross é o 1.0 turbo mais agradável de dirigir da categoria. Seu motor de 128 cv e 20,4 kgfm tem um bom fôlego para o dia a dia enquanto mantém o consumo em um nível muito aceitável. E isso com uma programação bem conservadora para a transmissão automática de 6 marchas, trabalhando para ficar em baixa rotação.

Vimos esse resultado no nosso teste. A aceleração de 0 a 100 km/h leva 10,7 segundos, sendo que precisa de 4,7 s para chegar a 60 km/h (mais do que a maioria dos limites de vias urbanas). Dependendo da situação, fica fácil superar os números de rendimento que obtivemos, de 8,2 km/litro na cidade e 11,7 km/litro na estrada, quando abastecido com etanol.

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Você só vai sentir falta de ter o 1.4 TSI de 150 cv e 25,5 kgfm quando estiver com o T-Cross totalmente carregado e/ou estiver nas estradas tentando uma retomada. Não que o SUV seja lento, já que precisa de 8 segundos para ir de 40 a 100 km/h com o veículo vazio, mas você precisa mudar transmissão para o modo Sport para conseguir mais desempenho.

Um problema que tenho com SUVs é o quanto são mais moles, algo que todo mundo que gosta de mais esportividade acaba sentindo, por conta da suspensão ajustada para aumentar o conforto. A Volkswagen ainda trabalha com carros levemente mais firmes, mesmo que isso signifique que não irá absorver todas as imperfeições do asfalto. Só que o fato de ser um utilitário fez com que a marca cedesse um pouco no quesito e podemos notar a inclinação da carroceria nas curvas. Isso tudo leva a um carro que é mais agradável na cidade, bem ágil e que passa confiança, mas que trará um pouco de desconforto quando for para aquela estrada de terra em uma viagem.

Por Nicolas Tavares – motor1