Contra mudança climática, só mudança de atitude

Algumas maneiras surpreendentes de salvar o mundo das mudanças climáticas

Tentar reverter as mudanças climáticas é possivelmente o maior desafio que a humanidade já enfrentou. Felizmente, existem algumas mentes incríveis em todo o planeta trabalhando no problema de todos os ângulos. 

Aqui estão seis das melhores (e mais incomuns) soluções propostas na série 39 Ways to Save the Planet (39 formas de salvar o planeta) da BBC.

1. Educar meninas

Melhorar a educação em todo o mundo parece uma necessidade óbvia. Mas aumentar a educação das meninas, em particular, não traz apenas benefícios sociais e econômicos, mas também ajuda a combater as mudanças climáticas.

Em parte, isso ocorre porque ao ficarem mais anos na escola, as meninas começam a ter bebês mais tarde. Se todas as meninas concluíssem o ensino médio, em 2050 poderia haver cerca de 840 milhões de pessoas a menos no mundo do que o previsto atualmente.

É verdade que, quando se trata de mudança climática, a população pode ser um assunto polêmico – as pessoas nos países mais pobres têm pegadas de carbono minúsculas em comparação com as dos países ricos. No entanto, com os recursos do planeta sob pressão, o crescimento populacional é um tema importante.

laughing businesswoman working in office with laptop
Foto Andrea Piacquadio

No entanto, educar meninas envolve muito mais do que estatísticas populacionais. A participação de mulheres nos negócios e na política podem ser o segredo para impulsionar a proteção climática.

Estudos sugerem que colocar mais mulheres no comando pode levar a melhores políticas climáticas. Como? As líderes mulheres estão mais inclinadas a ouvir conselhos científicos – como evidenciado pela resposta global à pandemia do coronavírus.

Hoje, muitas instituições de caridade estão fornecendo fundos significativos para a educação – e está funcionando. Em todo o mundo, a proporção de meninas na escola está aumentando, com países como Bangladesh aumentando as matrículas no ensino médio para meninas de 39% na década de 1980 para quase 70% atualmente.

2. Bambu: não é só para pandas

O bambu é a planta de crescimento mais rápido do mundo: pode crescer até um metro por dia e absorve carbono muito mais rapidamente do que as árvores. O bambu processado (substituto para a madeira em casos específicos) também pode ser mais forte do que o aço.

Tudo isso o torna potencialmente um material super-sustentável para a construção de móveis e edifícios.

Na China, o bambu costumava ser visto como “a madeira do pobre”, mas agora o bambu, que é da família da grama, está passando por uma reformulação de imagem. 

forest of bamboo trees
Foto Martin Péchy

Produtos à base de bambu podem atuar como uma alternativa sustentável e de baixo carbono ao aço, PVC, alumínio e concreto.

Um projeto para restaurar terras e capturar carbono com mil “aldeias de bambu” na Indonésia é desenvolvido pela instituição de caridade Environmental Bamboo Foundation.

Cada assentamento será cercado por cerca de 20 quilômetros quadrados de floresta de bambu misturada com plantações e gado. A ideia é expandir o modelo para outros nove países, segundo o diretor da organização, Arief Rabik.

“Coletivamente, eles vão absorver e remover da atmosfera um bilhão de toneladas de dióxido de carbono a cada ano”, diz.

3. Usar a lei para combater grandes poluidores

Os advogados do clima estão cada vez mais usando o forte braço da lei na luta contra as mudanças climáticas. Na verdade, em muitos países, o sistema legal é uma das armas mais poderosas disponíveis para manter empresas e governos poluidores sob controle.

black ship on body of water screenshot
Foto Chris LeBoutillier

Recentemente, um tribunal da Holanda decidiu que a gigante do petróleo Shell é legalmente obrigada a reduzir suas emissões para alinhar suas políticas com os objetivos do acordo climático de Paris – o que foi considerado um caso histórico.

E não é apenas a lei ambiental que faz esse tipo de socorro. Advogados inteligentes estão se tornando criativos, usando leis nas áreas de direitos humanos, trabalho e empresas na luta contra as mudanças climáticas.

Em 2020, um grupo de investidores com apenas US$ 35 em ações conseguiu impedir a construção de uma usina a carvão na Polônia. Como? O grupo ambiental ClientEarth usou suas ações na empresa de energia polonesa Enea e o poder da legislação societária para contestar a decisão da empresa de apoiar a construção da usina a carvão Ostroleka C.

O tribunal decidiu que a abertura de uma nova usina de carvão era um mau negócio e ilegal.

4. Caçar geladeiras gasosas

white ceramic vase on white table
Foto Cottonbro

Cada geladeira, freezer e unidade de ar condicionado contém refrigerantes químicos, como hidrofluorcarbonos (também conhecidos como HFCs). E o poder isolante deles também os torna perigosos para o mundo.

Na verdade, os HFCs são gases de efeito estufa tão potentes (muito mais do que o CO2) que em 2017 os líderes mundiais concordaram em eliminá-los. Prevê-se que esse movimento, sozinho, reduza o aquecimento global em 0,5 grau Centígrado.

Mas o número de geladeiras e aparelhos de ar condicionado já existentes é enorme. Com a maioria das emissões de gás refrigerante ocorrendo no final da vida útil, a reciclagem e o descarte seguro são essenciais.

Felizmente, em todo o planeta, equipes especializadas rastreiam e destroem gases refrigerantes perigosos.

Maria Gutierrez é diretora de programas internacionais da Tradewater, empresa que busca encontrar, proteger e lidar com os gases com segurança. Eles costumam vasculhar antigos armazéns e locais de disposição de resíduos, procurando as unidades de refrigeração problemáticas.

“Alguns têm nos chamado de equivalentes aos caça-fantasmas, mas para refrigerantes”, diz Gutierrez.

5. Tornar os navios mais ‘escorregadios’

Quando se trata do comércio mundial, algumas criaturas minúsculas podem ser uma grande chatice.

O transporte marítimo é vital para a economia global: 90% de todo o comércio mundial viaja de barco e esse transporte é responsável por quase 2% de todas as emissões causadas pelo ser humano (e esse número só deve aumentar nas próximas décadas).

Considerando que dependemos tanto desses navios, uma pequena criatura marinha – cirripedia – está nos causando um grande problema.

Os barcos incrustados de cracas, lapas e mexilhões podem usar 25% mais diesel marinho sujo do que “navios escorregadios”, com laterais lisas (sem esses crustáceos grudados), aumentando as emissões e adicionando US$ 31 bilhões por ano aos custos de combustível.

white water boat
Foto Julius Silver

Diante disso, especialistas estão encontrando maneiras engenhosas de tornar os navios mais escorregadios. Eles variam de tintas UV especiais a cloração elétrica em pequena escala e robôs de limpeza de cascos.

A ideia-chave por trás de tudo isso é simples: ‘é melhor prevenir do que remediar’, ou seja, a busca é por reduzir o acúmulo de criaturas marinhas antes que se tornem um problema.

Afinal, escovamos os dentes regularmente para evitar o acúmulo de placa, então por que não usar a mesma abordagem com a manutenção de navios?

6. Criação de superarroz

Você sabia que o cultivo de arroz tem uma grande pegada de carbono? Na verdade, o arroz tem o mesmo impacto de carbono que a aviação.

Isso ocorre porque a maior parte do nosso arroz hoje é cultivada em campos inundados com água para afogar as ervas daninhas concorrentes. Mas essa água impede que o oxigênio chegue ao solo, criando condições ideais para as bactérias que produzem metano.

E o metano é um gás que, por quilograma, pode causar 25 vezes mais aquecimento global do que o dióxido de carbono.

wooden spoon with rice grains in heap
Foto Maddy Freddie

Para combater essa ameaça climática, os cientistas estão liderando uma revolução do arroz. Eles estão criando novas variedades de arroz que podem prosperar em campos secos, economizando água, ajudando os agricultores e reduzindo as emissões de metano.

Eles estudaram 650 novas variedades de arroz do International Rice Research Institute e estão usando as melhores variedades em seu programa de melhoramento.

Esperamos que dentro de uma década, a maior parte do nosso arroz seja cultivada de forma muito mais ecológica.

Por BBC News