É preciso ter muita atenção com as “deepfakes”

brown man face figurine
Foto Magda Ehlers

Veja o que é e quais os possíveis usos para esta nova tecnologia

Há alguns dias, um vídeo de Elon Musk promovendo uma criptomoeda chamada BitVex, vem repercutindo depois que usuários descobriram que tratava-se de um golpe em que os criminosos utilizaram a prática de deepfake para sintetizar voz e imagem do bilionário recriando falas inverídicas. No vídeo, Musk diz que o BitVex foi criado por ele e possui retorno de 30%. O site que leva para a criptomoeda falsa chegou a ser identificado como enganoso pelo Google.

Apesar dos maus exemplos terem, de alguma forma, popularizado a tecnologia, é possível ver o lado bom da deepfake, o conceito consiste em uma junção de técnicas que sintetiza imagens e sons por meio de inteligência artificial. A tecnologia se popularizou após uma série de vídeos de personalidades e políticos com vozes e falas reconstruídas viralizarem na internet. Bruno Sartori, jornalista e humorista, foi um dos pioneiros no uso de deepfake no Brasil. Há anos envolvido com a técnica, ele explica que ela pode ser útil para o negócio, entretenimento e até mesmo para a saúde.

“A deepfake tornou-se popular nos últimos anos e existe uma discussão ética envolvendo a tecnologia. É uma preocupação bastante legítima, afinal, com ela é possível se criar conteúdo que difame qualquer pessoa. Entretanto, esse tipo de uso criminoso é punível pelo nosso ordenamento jurídico e futuramente, leis especiais para tratar do assunto provavelmente serão criadas. Aos poucos as empresas, principalmente de publicidade e entretenimento, estão percebendo o potencial da tecnologia e buscam formas criativas de utilizá-la”, explica Bruno Sartori.

Foto Canva Studio

Sobre o impacto positivo da tecnologia, Bruno explica que a técnica já é aplicada no setor de saúde, por exemplo, para analisar imagens e detectar diferentes tipos de câncer em uma tomografia computadorizada. “Além disso, a indústria do entretenimento, em um futuro não tão distante, deverá transportar seus usuários para dentro de suas produções. Iremos assistir nossas novelas, filmes e seriados de qualquer serviço de streaming com a família e amigos atuando nesses conteúdos no lugar dos tradicionais atores. Isso com o envio de uma simples foto”, explica.

Haverá, segundo Bruno, um impacto também na comunicação. “A língua deixará de ser uma barreira entre pessoas de qualquer nacionalidade em chamadas virtuais. Será possível conversar com qualquer pessoa do mundo, em tempo real, falando seu idioma nativo”, afirma. Atualmente, a empresa de Bruno desenvolve uma tecnologia para realizar sincronia labial em vídeos, por exemplo. “Com ela, poderemos ajustar a dublagem ao que é visto em cena, tirando o desconforto que normalmente algumas pessoas sentem ao assistir esse tipo de conteúdo e, também, facilitar a leitura labial realizada por surdos. Em paralelo, atendo empresas que desejam utilizar a tecnologia para produzir conteúdo inovadore.”

Na Holanda, a polícia criou um vídeo com material deepfake para obter informações sobre o assassinato de Sedar Soares, de 13 anos de idade, ocorrido em fevereiro de 2003. Veja o vídeo abaixo:

Por Luiz Gustavo Pacete – Forbes Brasil