Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, no trimestre encerrado em junho houve queda na taxa de desemprego (alcançou 9,3%), o que representa menos 1,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, segundo consta, é o menor patamar para o período desde 2015. (IBGE – 2022).
Além disso, a pesquisa mostrou que o mercado brasileiro atingiu 39,3 milhões de trabalhadores informais, um recorte histórico.
São considerados nesta categoria os empregados no setor privado sem carteira assinada, empregados domésticos sem carteira assinada, empregador sem registro no CNPJ, trabalhador por conta própria sem registro no CNPJ e trabalhador familiar auxiliar.
No Estado de Mato Grosso do Sul, segundo a pesquisa do 1º trimestre de 2022, a população em idade de trabalhar, estimada em 2.155 mil pessoas, não apresentou variação estatisticamente significativa em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e, também, em relação ao trimestre anterior.
Ainda segundo o IBGE, o número de pessoas ocupadas é estimado em 1.3 milhão com 35,4% de trabalhadores informais, ou seja, 465 mil. (IBGE 2022).
Além disso, e aqui uma triste realidade, segundo o Ministério da Cidadania, Mato Grosso do Sul tem inscritos no Cadastro Único do Governo Federal uma população de 1.255.427 milhão.
Uma escalada da pobreza no Estado, em setembro de 2017 somavam 1,039 milhão de inscritos no cadastro, menos de cinco anos depois, esse trágico número aumentou em 19,3%.
E os números não param por aí: em situação de extrema pobreza 420.295 mil sul-mato-grossenses, declarados em situação de pobreza foram 176.768 mil, cadastrados como famílias de baixa renda são 381.549 mil e ainda aqueles registrados com renda per capita mensal acima de ½ (meio) salário-mínimo foram 276.815 mil pessoas.
Em outras palavras, metade da população do riquíssimo Estado de Mato Grosso do Sul sobrevive com renda abaixo de um salário-mínimo. (Min. Da Cidadania, 2022).
Conquanto celebrem aumento da ocupação laboral, guindado pelos empregos informais, a pretexto de se apontar “queda na taxa de desemprego”, buscam dar contornos românticos a uma realidade nada convincente e que arrasta mais de 1 milhão brasileiros, dentre os quais, 465 mil sul-mato-grossenses.
Uma conta que não fecha!
Se querem romantizar, leiam “Lanterna dos Afogados” (o título de um dos capítulos do livro “Jubiabá”, obra de Jorge Amado, publicado em 1935), retratando esposas de pescadores aguardando por seus maridos (no Cais do Porto) com uma lanterna para ajudá-los a achar o caminho certo.
Como nem tudo é “licença poética”, quando se propõe a desnudar o que é tangível, qualquer insinuação de “crescimento”, “pujança econômica”, soa piada mal contada, cortina de fumaça, ablepsia total da realidade, uma ode à fome.
Necessário um Governo ativo, que assuma o protagonismo em busca pelo desenvolvimento responsável e assertivo, cujas ações contenham alto grau de convergência às políticas públicas sociais, só assim haverá uma doce expectativa por dias melhores.
Parafraseando Einstein, querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual, é loucura.
Por Luciano Martins
Diretor-Presidente da Fundação Social do Trabalho do Município de Campo Grande/MS – FUNSAT, Advogado, Professor, Presidente do Conselho do Trabalho, Emprego e Renda do Município de Campo Grande – CTER