Mitsubishi Eclipse Cross 2023

Com visual atualizado, SUV vive melhor fase no mercado brasileiro

Não são poucos os casos de automóveis que foram apresentados com um visual polêmico e não demorou para receber as primeiras mudanças. O Mitsubishi Eclipse Cross aparece no exterior pela primeira vez em março de 2017, com lançamento no Brasil em setembro de 2018, e recebe sua primeira reestilização em outubro de 2020, recentemente lançada por aqui. Ao menos por aqui, funcionou. 

Eclipse Cross sempre foi um SUV que emplacava uma média de 200 unidades/mês em 2019, 2020 e 2021. A nacionalização, com produção em Catalão (GO) acontece em dezembro de 2019, e pegou a crise dos componentes de forma integral, o que não ajudou. Reestilizado, com apresentação em abril deste ano, a coisa mudou de figura.

Foto Motor1 Brasil

Longe dos líderes, confortável onde está

Os primeiros meses de 2022 foram normais para o Eclipse Cross. Catalão já se preparava para a reestilização, montando estoque, e em maio já emplacou 566 unidades, um número que pegou a própria marca de surpresa. Junho, 358 unidades; julho, 315 unidades e em agosto, 400 unidades. Para um carro que emplacava cerca de 200 mensais.

Boa parte disso se dá pelo efeito novidade, principalmente visual. O Mitsubishi Eclipse Cross 2023 atualizou o design da dianteira, com novos faróis em duas partes, sendo a superior para luzes diurnas e setas de direção, e a inferior com farol baixo e alto e os faróis de neblina que, nesta versão, é tudo em LEDs. A grade é uma evolução da anterior, com acabamento em preto e emoldurada pelas barras cromadas.

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Na traseira, a mudança mais esperada. A polêmica tampa com vidro em duas partes deu lugar a uma peça mais tradicional. As lanternas também são mais conservadoras, em LEDs, e de fato isso melhorou bastante o visual do Eclipse Cross, que também recebeu um novo design nas rodas de 18″ e outros pequenos detalhes modificados. Ainda assim, é reconhecível pelas linhas marcantes. Por dentro, apenas uma nova opção de couro cinza como opcional, nenhuma outra novidade.

Uma parte boa do Eclipse Cross não mudou. O SUV manteve o motor 1.5 turbo, chamado de 4B40, com injeção direta e indireta de combustível, variador de fase no comando de admissão (MIVEC), 165 cv e 25,5 kgfm de torque. Ligado a ele, o câmbio automático CVT com simulação de 8 marchas que, nesta versão, está acoplado a um conjunto de tração integral de distribuição automática com seletor de modo (Normal, Gravel e Snow).

Jornada da experiência

O Mitsubishi Eclipse Cross é um daqueles carros que recomendamos que seja dirigido antes da compra. O visual polêmico sempre escondeu um bom SUV para se estar ao volante ou como passageiro pelo bom desempenho e o conforto que oferece mesmo quando o comparamos a concorrentes mais tradicionais entre os médios.

Para o motorista, o 1.5 turbo trabalha em uma boa dupla com o câmbio CVT. As rotações de funcionamento são baixas, já que o torque já aparece a 1.800 rpm e vai a 4.500 rpm no mesmo ritmo, sendo que o pico de potência está em 5.500 rpm. Usa apenas gasolina, algo que pode ser algo a ser considerado para alguns compradores. Esse motor, aliás, foi recalibrado para o Proconve L7, mantendo potência e torque do anterior.

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Se acelerar mais, o Eclipse Cross desenvolve velocidade com fôlego. Em nosso teste, chegou aos 100 km/h em 9,7 segundos, praticamente o mesmo número antes da reestilização, mas perdeu um pouco nas retomadas. Mesmo assim, na faixa dos 7,5 segundos de 80 a 120 km/h, tem bom desempenho para ultrapassagens rodoviárias, por exemplo, com boa administração pelo CVT ou, se preferir, pode fazer as trocas das marchas simuladas pelas grandes aletas em alumínio que remetem ao antigo Lancer Evolution X.

Mas o que chama a atenção no Eclipse Cross é o conforto. A suspensão, McPherson na dianteira e multilink na traseira, tem um ajuste bem voltado a não incomodar os ocupantes. Sim, o DNA off-road da marca tem uma participação nisso, já que o Eclipse Cross pode ser colocado para este uso de forma leve. Mesmo nos piores pisos, a carroceria recebe pouco disso, sem final de curso ou barulhos de componentes em sofrimento. 

E como isso afeta o uso no asfalto? A carroceria dobra em curvas mais fechadas, mas não escorrega ou passa a sensação que não há controle sobre o que acontece. Pode jogar o Eclipse Cross em curvas mais fechadas que, se a suspensão não der conta, o sistema de tração integral distribui a força para os eixos de forma com que estabiliza a trajetória. O modo Normal faz isso automaticamente, enquanto os Gravel e Snow atuam também em controles de tração, câmbio e motor para os diferentes tipos de pisos, sejam eles escorregadios ou mais acidentados.

Enquanto no exterior o Eclipse Cross já recebe versão híbrida, o nosso ainda fica na combustão. O consumo melhorou, em nosso teste, 10% no ciclo urbano, passando dos 8 km/litro para 8,8 km/litro. O SUV não possui sistema start-stop, o que poderia ser um ganho interessante. No rodoviário, uma piora: de 12 km/litro para 11 km/litro. Em ambos os casos, não são números animadores, mas que podem ser melhores na versão 4×2. 

O espaço interno é bom. Na primeira fileira, os bancos são de bom tamanho e boa densidade de espuma. No banco traseiro, os ocupantes sentam em posição alta, e ambos possuem um teto-solar duplo, apesar do traseiro ser apenas o vidro e a cortina controlada independente. Há bom espaço para as pernas e, pode não parecer, mas o Eclipse Cross é maior que o Jeep Compass, por exemplo: 4.545 mm de comprimento e 2.670 mm de entre-eixos, contra 4.404 mm e 2.636 mm, respectivos, no Jeep. No porta-malas, o novo design melhorou a litragem, agora de 473 litros, mas não há abertura ou fechamento elétricos, uma falha nesta faixa.

Na faixa de preço, sem filas

Lembra que falei que o Eclipse Cross aparece em 2017? Pois é, o interior não nega isso. No mundo das telas, o SUV se limita a uma central multimídia com tela de 7″ com Apple CarPlay e Android Auto (com fios) e ao painel de instrumentos com dois mostradores analógicos e a tela central colorida que, para mudar as funções, precisa localizar três pequenos botões no lado esquerdo do motorista. Aliás, nada mudou na reestilização nesse ponto. O acabamento é bom e o carro bem montado, mas já sente a idade no design e em pontos de ergonomia.

Isso contrasta com o pacote de assistentes. Desde o lançamento, o Mitsubishi já oferecia piloto automático, alerta de colisão com frenagem automática, alerta de saída de faixa, alerta de ponto-cego e farol-alto automático, além do head-up display, algo que outros SUVs foram receber anos depois. Funciona bem, mesmo depois de anos de projeto, assim como os mais novos. Fica devendo apenas nas evoluções que encontramos em carros bem mais caros e mais inteligentes. controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas e 7 airbags fecham o pacote.

Não foi somente pela reestilização que o Eclipse Cross cresceu nos últimos meses. No caso desta versão, custa R$ 236.990, já com assistentes de condução e tração integral. Se não quiser o sistema AWC, custa R$ 225.990. Curiosamente, quase o mesmo preço do Jeep Compass T270 S, com equipamentos parecidos, mas que enfrenta boas filas de espera. Pelo AWD, é mais barato que o Compass Limited com motor diesel e tração integral, mas sem o diesel.

O Eclipse Cross 2023 e tornou uma opção a quem procura um SUV médio bem equipado, apesar da idade em alguns pontos, como o interior. A força da marca Mitsubishi em SUVs e picapes, principalmente no fora-de-estrada, também trazem clientes para a marca. Ele ainda é o diferentão nas ruas, mas bem menos que no passado, e está ganhando seu espaço.

Por Motor1