As obras de revitalização e controle de enchentes no Rio Anhanduí serão retomadas na próxima segunda-feira (10). O serviço estava parado há 9 meses por causa de atrasos no repasse de recursos federais. Foi preciso também aguardar a Caixa Econômica Federal aprovar a reprogramação do projeto, que terá um custo adicional de R$ 1,5 milhão, custeado com recurso próprio, viabilizado em parceria com o Governo do Estado.
Nesta etapa, haverá mais movimentação de terra e um trecho de 1,5 km da pista bairro-centro da Avenida Ernesto Geisel será praticamente refeito, incluindo base e uma nova capa asfáltica que o projeto original (feito há 8 anos) não contemplava. Neste trajeto será implantado o novo interceptor de esgoto.
Para a execução da obra, será necessária a interdição de um trecho da pista bairro-centro da Avenida Ernesto Geisel, inicialmente entre as ruas Santa Adélia e Ceres. A Agetran vai definir uma rota alternativa para quem vem da região do Aero Rancho para o centro da cidade pela Norte Sul. A previsão é que a instalação do novo interceptor demore cerca de 90 dias.
O serviço será reiniciado pela construção de um novo interceptor da rede de esgoto que fica mais perto do meio-fio. Ele substituirá o atual, rente à margem esquerda (sentido bairro) do rio, onde também serão erguidas as paredes do gabião.
Pelo interceptor é escoado o esgoto coletado na cidade até a Estação de Tratamento no Los Angeles. A empreiteira responsável pelos dois lotes onde haverá intervenção (entre as ruas da Abolição e do Aquário) vai instalar o canteiro de obras ainda nesta semana. Equipes da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos estão trabalhando na reconstrução de um trecho de 20 metros do canal (feito há mais de 40 anos), que caiu durante uma forte chuva no mês de fevereiro.
Serão feitos 1.500 metros de interceptor, da altura da Rua Ceres até as proximidades do ginásio Guanandizão. Um trecho da Avenida Ernesto Geisel terá parte do aterro e o asfalto da pista inteira refeito desde a base. O trabalho será executado quadra a quadra, com acesso controlado para os moradores, reduzindo o impacto da interdição. Será aberta uma valeta rente ao meio-fio, com até 2,5 metros de profundidade.
Serão usados tubos de 90 centímetros de diâmetro, feitos com material mais resistente, PRFV (Poliéster Reforçado com Fibra de Vidro), que só é fabricado com prévia encomenda, com prazo mínimo de 60 dias para entrega. A tubulação custou R$ 900 mil e foi paga pela Águas Guariroba.
A proposta inicial era erguer o gabião da margem esquerda alinhado ao interceptor. Entretanto, após as primeiras movimentações de terra, se constatou que o aterro que abriu caminho para implantação das pistas da Avenida Ernesto Geisel não resistiria, além de colocar em risco o interceptor, com consequências imprevisíveis em termos ambientais.
A região era um fundo de vale, um brejo aterrado a medida que o entorno foi povoado e urbanizado.
Estabilização
As obras no Rio Anhanduí tem como objetivo garantir a estabilização das margens do rio (com muro de gabião e placas de concreto). Sem as paredes de gabião ou de concreto, quando chove muito na cabeceira dos córregos afluentes (Prosa e Segredo), a correnteza aumenta. A água, ao bater no barranco diretamente, derruba o aterro e provoca erosão, colocando em risco as pistas marginais.
A construção de mais bocas de lobo nas pistas marginais visa aumentar a capacidade de captação da enxurrada. Será feita uma ciclovia (na margem direita até a ponte de travessia na Rua Abolição e na esquerda até a ponte na Rua do Aquário), urbanização e recapeamento das duas pistas da Avenida Ernesto Geisel, numa extensão de 1,6 km – da Rua Santa Adélia até a Rua do Aquário. A margem direita (sentido centro-bairro) já está “revestida”, protegida da erosão com paredões de gabião com até 9 metros de altura e placas de concreto. As cabeceiras da ponte para travessia na altura da Rua Bonsucesso foram refeitas após a construção no canal do rio de gabião embaixo da estrutura.
O que já foi feito
Até agora, 60% do projeto já foi executado. No lote 2 , entre as ruas Abolição e Bonsucesso, já foi feito 58,67% do gabião (3.802 m²) e no lote 3, entre as ruas Bonsucesso e Aquário, 48,77% ( 3.218 m²).
O canal já está pronto nas duas margens do lote 1, que tem 410 metros (entre as ruas Santa Adélia vê Abolição); falta fazer a ciclovia, implantar o guard rail, além da urbanização.
Nos outros dois lotes, que juntos têm 1.260 metros, da Rua da Abolição até a Rua do Aquário, a margem direita (sentido bairro) está pronta. Na margem esquerda, o serviço foi interrompido porque havia risco de danificar o interceptor com a movimentação de terra.
Para reforçar a estrutura do canal, o projeto prevê nos trechos com paredes de concreto, a “ancoragem” das placas. A técnica consiste na abertura de uma perfuração de 11 metros no subsolo, onde se coloca um cabo de aço e nele se injeta concreto armado, fazendo o grampeamento da estrutura. A parte do canal em gabião é revestido com uma manta geotêxtil. Este material, feito com poliéster, é colocado atrás das paredes de gabião, reforçando ainda mais a proteção das margens do aparecimento de novos processos erosivos.
Projeto antigo
O projeto de revitalização do Anhanduí é de 2011 e teve duas licitações e uma ordem de serviço assinadas e canceladas em 2012. Em 2014, também fracassou a segunda tentativa de licitação. Calculou-se que seria preciso R$ 68 milhões para executar o projeto até o final da Avenida Ernesto Geisel, no Aero Rancho, com R$ 28 milhões de contrapartida.
Com a atualização das planilhas, além de alguns ajustes no projeto, o recurso, assegurado por um convênio firmado em 2012 com o Ministério das Cidades (R$ 42,7 milhões em valores corrigidos), será suficiente apenas para executar o projeto entre as ruas Santa Adélia e do Aquário, numa extensão de 1.670 metros.
A obra faz parte de um conjunto de ações para controle de enchentes nos bairros Marcos Roberto, Jockey Clube, Jardim Paulista e Vila Progresso. Foram investidos R$ 26 milhões em rede de drenagem e intervenções em afluentes do rio (os córregos Cabaça e o Areias), que despejam suas águas no Anhanduí.
Por Prefeitura Municipal de Campo Grande