Porque o STF considera o orçamento secreto inconstitucional?

Foto Nelson Jr./STF

Entenda o que é o mecanismo, quais ações foram analisadas e o que foi decidido pelo STF

‘Orçamento secreto’ é como ficaram conhecidas as emendas parlamentares de relator, cujos critérios de distribuição e transparência foram questionados na Corte.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na última segunda-feira (19) que são inconstitucionais as emendas do relator do Orçamento, que ficaram conhecidas como “orçamento secreto”.

Entenda o que é o mecanismo, quais ações foram analisadas e o que foi decidido pelo STF:

O que é o orçamento secreto?

Foto Beto Barata

O orçamento secreto é como ficaram conhecidas as emendas de relator – recursos da União que são direcionados pelo relator do orçamento.

Esse tipo de emenda foi criado em 2019, quando o Congresso ampliou o poder do relator, que passou a liberar valores do Orçamento, em geral, a pedido de deputados e senadores.

O que o Supremo analisou?

O Supremo analisou quatro ações que discutiram a constitucionalidade do pagamento das emendas do relator, ou seja, questionaram se a liberação dos recursos fere princípios previstos na Constituição ou não.

Quem apresentou as ações?

As ações foram apresentadas pelo PV, PSOL, Cidadania e PSB.

O que disseram os partidos?

Os partidos alegaram o modelo atual de distribuição das emendas de relator “não permite revelar quem são os parlamentares requerentes das emendas ao relator-geral” e, por isso, as emendas não são transparentes e deveriam ser declaradas inconstitucionais.

A relatora das ações, Rosa Weber, liberou os casos para julgamento do plenário da Corte.

O que ficou decidido?

Por maioria de 6 votos a 5, o plenário entendeu que as emendas de relator ferem a Constituição.

A partir da decisão, o relator não tem o poder de criar novas despesas, só fazer ajustes e correções técnicas.

O plenário concluiu, em definitivo, que o Legislativo não deu transparência às emendas.

Ministra Rosa Weber. Foto Reprodução

Como votou a relatora?

A presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, votou na quarta-feira (14) para considerar o orçamento secreto inconstitucional.

Para ela, o pagamento das emendas de relator é “recoberto por um manto de névoas”.

“O modelo em prática viola o princípio republicano e transgride os postulados informadores do regime de transparência dos recursos financeiros do estado”

Ministra Rosa Weber, Presidente do STF

Seis ministros votaram a favor de extinguir o “orçamento secreto” e limitar o uso das emendas de relator apenas para “correções” no orçamento, sem indicações parlamentares, como era antes de 2019. Votaram assim, além de Rosa Weber: Luiz Edson Fachin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.

Cinco ministros votaram entendendo que as emendas de relator poderiam continuar sendo distribuídas pelo relator do orçamento, desde que com critérios mais transparentes. Votaram desta forma: André Mendonça, Kassio Nunes Marques, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Entre eles, porém, houve divergência quanto a quais medidas adotar para aprimorar o modelo.

Por Política g1