Entenda o que é o mecanismo, quais ações foram analisadas e o que foi decidido pelo STF
‘Orçamento secreto’ é como ficaram conhecidas as emendas parlamentares de relator, cujos critérios de distribuição e transparência foram questionados na Corte.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na última segunda-feira (19) que são inconstitucionais as emendas do relator do Orçamento, que ficaram conhecidas como “orçamento secreto”.
Entenda o que é o mecanismo, quais ações foram analisadas e o que foi decidido pelo STF:
O que é o orçamento secreto?
O orçamento secreto é como ficaram conhecidas as emendas de relator – recursos da União que são direcionados pelo relator do orçamento.
Esse tipo de emenda foi criado em 2019, quando o Congresso ampliou o poder do relator, que passou a liberar valores do Orçamento, em geral, a pedido de deputados e senadores.
O que o Supremo analisou?
O Supremo analisou quatro ações que discutiram a constitucionalidade do pagamento das emendas do relator, ou seja, questionaram se a liberação dos recursos fere princípios previstos na Constituição ou não.
Quem apresentou as ações?
As ações foram apresentadas pelo PV, PSOL, Cidadania e PSB.
O que disseram os partidos?
Os partidos alegaram o modelo atual de distribuição das emendas de relator “não permite revelar quem são os parlamentares requerentes das emendas ao relator-geral” e, por isso, as emendas não são transparentes e deveriam ser declaradas inconstitucionais.
A relatora das ações, Rosa Weber, liberou os casos para julgamento do plenário da Corte.
O que ficou decidido?
Por maioria de 6 votos a 5, o plenário entendeu que as emendas de relator ferem a Constituição.
A partir da decisão, o relator não tem o poder de criar novas despesas, só fazer ajustes e correções técnicas.
O plenário concluiu, em definitivo, que o Legislativo não deu transparência às emendas.
Como votou a relatora?
A presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, votou na quarta-feira (14) para considerar o orçamento secreto inconstitucional.
Para ela, o pagamento das emendas de relator é “recoberto por um manto de névoas”.
“O modelo em prática viola o princípio republicano e transgride os postulados informadores do regime de transparência dos recursos financeiros do estado”
Ministra Rosa Weber, Presidente do STF
Seis ministros votaram a favor de extinguir o “orçamento secreto” e limitar o uso das emendas de relator apenas para “correções” no orçamento, sem indicações parlamentares, como era antes de 2019. Votaram assim, além de Rosa Weber: Luiz Edson Fachin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.
Cinco ministros votaram entendendo que as emendas de relator poderiam continuar sendo distribuídas pelo relator do orçamento, desde que com critérios mais transparentes. Votaram desta forma: André Mendonça, Kassio Nunes Marques, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Entre eles, porém, houve divergência quanto a quais medidas adotar para aprimorar o modelo.
Por Política g1