Um bom filme de detetive é aquele que planta uma suspeita ou constrói um suspense
Todo mundo gosta de uma boa história de investigação e, por isso mesmo, a figura do detetive é tão onipresente no cinema. Do clássico homem viciado em mistérios e com a perspicácia de resolver esses enigmas com base em pequenas evidências a grandes tramas em que um policial ou mesmo uma pessoa comum precisa correr contra o tempo para resolver um crime, o que importa é que a dúvida é o grande alimento do bom entretenimento.
Um bom filme de detetive é aquele que planta uma suspeita ou constrói um suspense tão envolvente que o próprio espectador sente que precisa de respostas, se engajando na investigação ao juntar pistas e traçar teorias do que realmente aconteceu enquanto a história é contada. O maior mérito de uma produção assim é fazer com que a gente faça parte de sua solução.
Para a nossa sorte, há uma boa lista de longas que conseguem cumprir muito bem essa proposta. São adaptações de clássicos da literatura, obras originais e até mesmo versões imaginadas de jogos infantis e até mesmo de desenhos animados que conseguem entregar toda essa experiência de investigação que a gente tanto gosta. Uma variedade tão grande que só mostra o quanto um bom mistério pode ganhar diferentes roupagens.
Sherlock Holmes
Não há como falar de filmes de detetives sem citar o maior de todos os tempos. Sherlock Holmes é o grande ícone quando falamos em investigações e o seu nome virou sinônimo de resolver enigmas quase que insolucionáveis. O personagem de Arthur Conan Doyle é tão emblemático nesse sentido que há até quem acredite que ele é real.
E, das várias adaptações que o personagem recebeu ao longo da história do cinema, uma das mais divertidas é a protagonizada por Robert Downey Jr. Ao trazer uma personalidade mais excêntrica para o detetive, o ator consegue apresentar uma nova faceta desse herói que torna todo o mistério envolvendo um serial killer ocultista ainda mais interessante.
O longa foi um pouco ofuscado pela série da BBC, que mostrou uma versão ainda mais apaixonante de Sherlock, mas não há como negar que esse detetive meio Tony Stark funcionou muito bem e traz um mistério que é muito divertido de solucionar.
O Pálido Olho Azul
Antes mesmo de Arthur Conan Doyle escrever Sherlock Holmes, o mundo da literatura já tinha um grande detetive para chamar de seu — Auguste Dupin, personagem criado por Edgar Allan Poe. E o que o filme O Pálido Olho Azul faz é brincar com toda a aura sombria em torno do autor para mostrar as influências que o escritor teve para criar tanto seu investigador quanto para se tornar o grande mestre do horror que conhecemos.
O longa é baseado no livro de Louis Bayard que faz essa mistura de realidade com ficção e traz um mistério que também mistura um serial killer com elementos ocultistas. No caso, há uma série de assassinatos dentro da Academia Militar dos Estado Unidos e todas as vítimas são encontradas com seus corações arrancados.
A partir disso, o jovem cadete Edgar Poe (Harry Melling) passa a trabalhar em conjunto com o renomado detetive Augustus Landor (Christian Bale), que ficou famoso no passado por resolver grandes crimes, mas que optou pelo isolamento nas montanhas — e mergulhar nessa investigação pode trazer muitas verdades à tona.
O Assassinato no Expresso Oriente
Ao lado de Sherlock Holmes, Hercule Poirot é um dos grandes nomes da ficção quanto o assunto é história de investigação. O personagem criado por Agatha Christie se tornou tão memorável que se tornou um dos expoentes de um subgênero bastante popular do cinema, o whodunnit, que nada mais é do que essa trama em que é preciso desvendar um assassinato e que todo mundo é suspeito.
E, de todas as histórias envolvendo o detetive, nenhuma é mais icônica do que O Assassinato no Expresso Oriente. Ele sintetiza muito bem o estilo ao colocar Poirot para investigar um assalto a bordo de um trem. Assim, como o veículo em movimento, todos os passageiros se tornam suspeitos e também vítimas em potencial, o que faz com que o detetive tenha que correr para que ele próprio não fique no alvo desse criminoso.
Os Sete Suspeitos
Histórias de investigação são tão populares que se tornam tema até mesmo para histórias infantis, como o clássico jogo Detetive — ou Clue, nas edições mais recentes. Pois o game serviu de base para um filme, que levou para as telas toda a dinâmica das partidas que você jogava com seus primos quando criança.
Como o próprio título deixa bem claro, são sete personagens que são suspeitos por um crime e a trama se desenrola expondo todas as motivações que cada um deles tinha para ser o culpado — tudo para, no fim, revelar que a verdade está mesmo nos detalhes.
E o mais interessante é ver personagens icônicos, como o Coronel Mostarda e a Dona Violeta, ganhando forma na telona.
O Nome da Rosa
Um dos maiores clássicos da literatura é também um dos grandes filmes de investigação até hoje. Baseado na obra de Umberto Eco, o longa de 1986 tem Sean Connery no papel principal vivendo um monge que é chamado para investigar uma série de assassinatos em um mosteiro no interior da Itália.
O mais interessante dessa história não é apenas o mistério em torno das mortes, mas todo o clima pesado que se constrói em torno da chegada do protagonista, expondo uma grande cisão dentro do mosteiro e das ordens religiosas que ali existem. Um verdadeiro clássico do Ensino Médio.
Entre Facas e Segredos
Benoit Blanc pode não ser tão conhecido quanto um Sherlock Holmes ou mesmo um Hercule Poirot, mas já se tornou tão querido quanto. O personagem vivido por Daniel Craig conquistou o coração do público ao protagonizar dois filmes que retomam muito bem o clima dessas histórias de investigação whodunnit ao memso tempo em que traz boas doses de bom humor em roteiros inteligentes e muito ágeis.
Isso ficou bem claro com o recente Glass Onion: Um Mistério Knives Out, mas é com Entre Facas e Segredos que a gente percebe toda a sagacidade desse investigador ao mesmo tempo em que nos apaixonamos pelo seu jeito irreverente e pelos seus métodos pouco convencionais de solucionar um crime. Não à toa, se tornou um clássico imediato.
Por Canal Tech