Alunos podem usar a inteligência artificial para aprender novos idiomas, relembrar conteúdos e testar conhecimentos
Há 20 anos, os alunos passavam a “cola” em papeizinhos. Depois, a técnica de trapaça evoluiu para trocas de mensagem no WhatsApp. Agora, um robozinho é capaz de escrever uma redação inteira em questão de segundos — é o ChatGPT, um novo sistema de inteligência artificial que vem sendo banido de escolas e universidades nos Estados Unidos e na Europa.
A prestigiosa universidade Institut d’Études Politiques de Paris, por exemplo, decidiu nesta sexta-feira (27) que quem usar essa ferramenta em trabalhos acadêmicos será expulso da graduação. Mas será que o robô é necessariamente um vilão?
De fato, a preocupação dos professores não é em vão: o ChatGPT pode facilitar o plágio, desestimular o senso crítico dos alunos e fornecer respostas imprecisas. Mas não é necessariamente o fim do mundo (ou da educação). Segundo especialistas entrevistados pelo g1, há formas de usar o robô como um instrumento inovador no processo de ensino-aprendizagem.
Veja abaixo algumas funcionalidades que podem ajudar você a se preparar para as provas:
Planejar estudos e montar cronogramas
O ChatGPT resume em tópicos qualquer assunto. O aluno tem 7 dias para estudar a Revolução Industrial, mas não sabe nem por onde começar? O robozinho ajuda ao listar os principais subtemas.
Diogo Cortiz, professor de tecnologia da PUC-SP, conta que o ChatGPT vem auxiliando até os docentes no planejamento das aulas. “É uma cocriação. A máquina cria a primeira versão, e nós vamos editando e aprimorando aquilo.”
Resumir conteúdos
Quer dicas para formular um cronograma? O robô dá até aquele apoio emocional:
Você leu o livro que será cobrado no vestibular, mas quer relembrar algum trecho específico? O ChatGPT é capaz de resumir qualquer passagem da obra. “É uma ferramenta muito útil [para fazer sínteses], mas não substitui a leitura da obra original”, ressalta Carlos Neves, professor do curso de sistemas de informações da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
A prova é amanhã, mas, com o nervosismo, parece que todas as fórmulas matemáticas simplesmente sumiram da sua cabeça. Calma, com uma pergunta no ChatGPT, você chega a uma listinha dos conteúdos principais. Só que não dá para ir com muita sede ao pote, hein? O próprio robô diz, no fim da resposta, que é necessário fazer exercícios para fixar os conceitos. Não existe mágica.
Responder perguntas de vestibular
Resolver provas antigas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma excelente forma de estudar. Se você quiser tirar alguma dúvida e descobrir a resolução de uma das perguntas, basta digitá-la no ChatGPT.
Usar como ponto de partida para um projeto
Um dos temores dos professores é que os alunos apenas copiem e colem as respostas dadas pelo ChatGPT. É claro que seria uma prática pedagogicamente condenável. Mas há uma forma de trabalhar em parceria com o robô: usá-lo para ter uma ideia de como começar um texto ou um projeto.
“A resposta não pode ser considerada definitiva. É preciso enriquecê-la”, diz Neves, da ESPM.
Treinar um novo idioma
O ChatGPT traduz textos e ainda conversa no idioma que você desejar. Pode ser um bom amigo virtual na hora de treinar a fluência na escrita.
Brincar de ‘desmascarar’ o robô
Henrique Braga, coordenador do ensino médio do Sistema Anglo, sugere que o aluno exercite checar as respostas do robô. “É uma metodologia ativa: o estudante pesquisaria com a motivação de, eventualmente, ‘desmascarar’ a máquina. Seria quase um jogo”, diz.
Exercitar a habilidade de comparação
Que tal desafiar o ChatGPT? “Se o aluno estiver diante de uma questão proposta pelo professor ou extraída de um vestibular/concurso público, pode ser interessante elaborar [primeiramente] sua própria resposta e, depois, comparar com a oferecida pelo robô”, diz.
Por Educação g1