Injustiça climática: o outro lado da devastação do meio ambiente

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Países pobres têm mais dificuldades para se recuperar de eventos extremos como inundações, secas e ciclones

Os últimos oito anos foram os mais quentes já documentados, de acordo com o relatório da agência especializada em meteorologia da Organização das Nações Unidas (ONU). A média global de temperatura registrou um aumento de 1°C em comparação à média pré-Revolução Industrial. As emissões humanas de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, são as grandes responsáveis pelo aumento das temperaturas. “Essas mudanças acabam causando eventos climáticos extremos, como secas, derretimento das geleiras e aumento do nível dos oceanos”, explica o biólogo e mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental Paulo Jubilut, fundador da edtech Aprova Total

Segundo o relatório do Banco Mundial, estima-se que até 2050 cerca de 216 milhões de pessoas serão forçadas a abandonar suas regiões por conta de alterações no clima e passarão a viver como refugiados climáticos. A questão que fica é: para onde vão essas pessoas? “O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mapeou que as nações que menos contribuíram para o aquecimento do planeta são as que mais estão sofrendo com eventos climáticos extremos e demais consequências”, comenta Jubilut. 

Entre o final de fevereiro e o início de março, a região sudoeste da África foi atingida duas vezes pelo ciclone Freddy, o mais duradouro já registrado, que deixou um rastro de destruição com pelo menos 500 mortos e mais de 80 mil desabrigados. O episódio escancarou o quanto a injustiça climática está presente na nossa sociedade e, consequentemente, mostrou a necessidade de pensar no contrário, uma justiça climática. 

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“Crianças, mulheres, idosos, povos tradicionais, pessoas de baixa renda, indivíduos com o sistema imunológico comprometido e com doenças crônicas já são as mais atingidas”, avalia o biólogo. “Isso porque a exposição ao calor excessivo causa sintomas graves, como a exaustão pelo calor, a insolação e a desidratação.” 

Diante da dificuldade das populações vulneráveis de se restabelecer dos eventos climáticos extremos, na COP 27, em 2022, foi criado um fundo de perdas e danos, que é um exemplo prático de justiça climática. “O acordo tem como objetivo reparar os danos e oferecer uma adaptação climática justa e inclusiva”, explica Jubilut. “Foi negociado por três décadas, quando os países mais impactados passaram a exigir uma reparação por mudanças climáticas pelas quais não são historicamente responsáveis.”

Por Juliana Possas