NADA SERÁ COMO ANTES

Foto Julia Cameron

Especialistas dizem que relação das crianças com a tecnologia deve mudar após pandemia

A quarentena abalou a rotina de toda a família, inclusive das crianças. Os pequenos deixaram de frequentar a escola e passaram a ter aulas online, o contato com os coleguinhas tornou-se virtual, e a convivência com os pais agora é em tempo integral. Para a psicóloga hospitalar Rita Calegari e a educadora parental Lua Barros, a relação das crianças com a tecnologia deve mudar após a pandemia. As especialistas discutiram o assunto na live “Agora é Assim?”, do G1.

A psicóloga lembra que a internet, até antes da pandemia, era usada para diversão, mas que hoje tem uma “influência imensa na educação”. Os tablets, celulares e computadores, que serviam como fonte de brincadeiras, transformaram-se em ferramentas de estudo. Assim, a relação das crianças com a tecnologia ganha novos significados.

Computadores, tablets e smartphones deixaram de ser objetos de brincadeira para ser de estudo. Foto Julia Cameron

A educadora parental, por sua vez, viu essa transformação dentro de casa. Mãe de quatro crianças, Lua permitiu gradativamente que seus filhos aumentassem o tempo diante das telas para que ficassem entretidos por mais tempo, e ela pudesse trabalhar melhor. No entanto, constatou que essa não era a melhor solução para seu problema.

Segundo a especialista, os filhos estavam no fim do dia mais irritados, estressados e ansiosos. Ela acredita que não adianta ter seu tempo de trabalho e, no fim das atividades, ter de lidar com uma criança “muito mais bagunçada emocionalmente”.

O isolamento social também deve provocar mudanças na interação entre as crianças, dizem as profissionais. Ao ver o reencontro de seu filho mais velho, de 12 anos, com um coleguinha, Lua destacou a perda de intimidade entre os mais jovens. “Não vai ser como a volta das férias com todo mundo querendo contar para onde foi e o que fez”, afirmou.

O relato é visto como um alerta por Rita. A psicóloga destaca que não podemos considerar o período da pandemia como uma pausa nas nossas vidas, como se as coisas fossem recomeçar do ponto onde paramos. Ela enfatiza que os adolescentes “de março” não são os mesmos “de agosto”.

É importante saber que tipo de informação chega aos seus filhos e conversar com eles. Foto Elly Fairytale

Mesmo o retorno gradual das atividades também deixará sua marca sobre as crianças, que se veem proibidas de darem abraços ou obrigadas a usarem máscara. “Tem uma aura de medo no ar e acho que a gente vai sair impactado disso no fim, os adultos e a criança”, destaca Lua. As especialistas defendem que os pais conversem sobre a pandemia com os filhos, filtrando as informações de acordo com a capacidade de entendimento deles.

Por Cabeça de Criança