Audiência Pública foi realizada na manhã desta quarta-feira na Câmara Municipal da Capital
O número de acidentes na BR-262, entre Campo Grande e Três Lagoas, de janeiro a agosto, já superou o total de acidentes de todo o ano passado. Foram 118 ocorrências neste ano, em que 141 pessoas ficaram feridas e 13 morreram. Em todo ano de 2022, foram 103 acidentes, com 98 feridos e 16 mortes. Os dados foram repassados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante Audiência Pública, realizada na manhã desta quarta-feira na Câmara Municipal da Capital, e reforçam o tema do debate: a necessidade urgente de duplicação da BR-262. A Audiência começou com um minuto de silêncio em respeito às vítimas de acidentes na rodovia.
Vereadores de Campo Grande e de municípios da região leste do Estado estão unidos para viabilizar o investimento. O movimento aumentou consideravelmente no trecho diante da instalação de grandes indústrias do setor de celulose, na cidade de Três Lagoas. A tendência é que o fluxo aumente ainda mais com a conclusão da fábrica da Suzano, em Ribas do Rio Pardo. Há ainda o impacto com o desenvolvimento esperado diante da Rota Bioceânica.
O vereador Beto Avelar enfatizou que a duplicação não é importante apenas para a região leste do Estado, “mas de interesse comum para todo Estado e para Campo Grande”. Por isso, segundo o parlamentar, a proposta é envolver todas as partes, chamar poder público, vereadores, prefeitos, bancada estadual, bancada federal e Governo do Estado para encaminhar as solicitações ao Governo Federal. Ele comentou sobre a presença das grandes indústrias do setor de celulose, além da Rota Bioceânica, que também irá impactar no aumento do movimento. “Precisamos dessa infraestrutura, de uma duplicação, não podemos levar problema de forma paliativa”, ressaltou.
O vereador Prof. André Luis, que secretariou a Audiência, recordou de quando se mudou para Mato Grosso do Sul em 1991 e surpreendeu-se pelo fato de a rodovia não contar com acostamento. “A rodovia que leva a uma Capital ainda não tinha acostamento e, tanto tempo depois, não temos a duplicação e nem acostamento”, disse. Ele falou das indústrias de grande porte instaladas no Estado e da opção equivocada pelo transporte rodoviário, em vez da escolha pelo modal ferroviário. “Temos, então, que assumir essa opção. As rodovias precisam ser atualizadas, por uma questão de logística. Nosso Estado perde capacidade de atrair investimento quando não tem local bom de escoamento”, disse.
Investimentos
O projeto para duplicação da rodovia ainda não foi iniciado. Segundo o chefe de serviços operacionais rodoviários do Departamento Nacional de Infraestrutura de Mato Grosso do Sul (Dnit/MS), Alan Nunes Ferreira, já foi solicitada a delegação de competência para que o Departamento no Estado assuma a elaboração de projetos, como forma de dar celeridade, em vez de manter o estudo em Brasília. A previsão são cinco lotes entre Campo Grande e Três Lagoas e dois ligando Campo Grande a Aquidauana. “Ao que cabe ao Dnit de Mato Grosso do Sul, estamos trabalhando para começarmos a fase de estudos para licitar a obra”, disse.
Ele recordou que o contrato para terceira faixa, de Três Lagoas a Água Clara, teve problemas e as obras não foram concluídas, o que reforça a necessidade da duplicação. “Se houver essa delegação, com esforço da comunidade, vamos em busca dessa elaboração do projeto, ouvindo todos os envolvidos e a comunidade”, disse o representante do Dnit.
O policial rodoviário federal Rafael Verão informou que são duas unidades da PRF na BR-262, sendo uma em Água Clara e outra próxima de Três Lagoas. Outra está em construção em Ribas do Rio Pardo, diante do aumento de veículos no trecho por conta da instalação da nova fábrica de celulose da Suzano, no município. A obra está sendo custeada pela empresa, como contrapartida de investimentos. “Nossa previsão é entregar no primeiro trimestre do ano que vem”, afirmou.
Atualmente, dois mil veículos pesados e 1,3 veículos leves trafegam por dia no trecho. “São números que nos trazem essa necessidade do reforço do policiamento”, disse. Ele falou ainda da preocupação com aumento do fluxo de veículos com a Rota Bioceânica.
Esse mesmo avanço no fluxo de veículos pela rodovia foi mencionado por Claudio Cavol, diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul. “Precisamos com urgência de melhorias na infraestrutura de nossas rodovias. Precisamos unir setor público, iniciativa privada e o mundo acadêmico para irmos ao Dnit e Governo Federal cobrarmos esse investimento”, disse. Ele calcula acréscimo de 20% no movimento com a Rota Bioceânica e mais 10% com a conclusão da unidade da Suzano.
Parceria
Os vereadores enfatizaram a parceria para buscar os investimentos necessários em infraestrutura e, consequentemente, reduzir número de acidentes. O vereador de Três Lagoas, Issam Fares Júnior, lembrou que sempre ocorreram atos isolados de diversos políticos solicitando a duplicação e, neste momento, ocorre uma ação diferenciada. “Esse movimento é de toda população, envolvendo a classe política, sociedade civil organizada representando várias entidades. O movimento agrupa várias cidades”, disse, ressaltando essa atuação conjunta na articulação. Audiência sobre o assunto já ocorreu em Três Lagoas e, além da Capital, deve ocorrer ainda em outros municípios.
O vereador Claudinho Serra ressaltou que “a duplicação da 262 é para agora”, ressaltando a importância da duplicação e do investimento em infraestrutura para a produção do nosso Estado. “Precisamos de mais conforto, segurança e colocar Campo Grande nessa rota”, disse. Ele lembrou ainda que os acidentes sobrecarregam a saúde pública dos municípios, que acabam impactadas e não conseguindo atender a demanda.
A necessidade de reduzir acidentes, diante de vidas perdidas, foi enfatizada pelo vereador Zé da Farmácia. “A gente sente medo de transitar pela rodovia e nossa intenção é colaborar, nos colocando à disposição para que isso ocorra agora”, disse.
Para o vereador Coronel Villasanti, a busca pela duplicação se fortalece em desenvolvimento e preservação de vida. “O trânsito se baseia em educação, esforço legal baseado na fiscalização e a engenharia, que estamos discutindo aqui, necessária para menos reduzirmos acidentes”, disse. Ele recordou ainda da iniciativa da Câmara de Campo Grande para criação da Frente Parlamentar de implantação da Rota Bioceânica, que irá contemplar também as discussões sobre impacto nas cidades em consequência desses investimentos.
A vereadora de Ribas do Rio Pardo, Edervania Malta, também esteve presente no debate e falou que cerca de 10 mil pessoas, de vários lugares do Brasil, chegaram ao município. “Essas pessoas não conseguiram alugar casas, estão vindo todos os dias de Campo Grande, todos os dias fazem essa viagem e não sabem se chegam”, disse. Ela afirmou que a Câmara de Ribas deve promover Audiência sobre a duplicação no dia 21 de setembro.
Abaixo-assinado
Toda a documentação das Audiências, com as atas formalizadas, será reunida e encaminhada aos deputados federais, senadores, Governo do Estado e, por fim, ao Governo Federal solicitando o investimento. Um abaixo-assinado está sendo organizado para reforçar o pedido. Quem quiser assinar pode acessar clicando aqui.
Por Milena Crestani – CMCG