Como prevenir que crianças venham a ter pensamentos suicidas quando adolescentes ou adultos

close up photo of sad child leaning on a wooden chair
Foto Pixabay

Campanha “Setembro Amarelo”, dedicada à prevenção ao suicídio, vem ganhando força ano após ano

Há um alerta que ainda não ganhou a devida notoriedade: a depressão infantil, um quadro clínico cada vez mais comum em todo o mundo, que pode desencadear pensamentos suicidas na adolescência ou na vida adulta.

Assim como os adultos, as crianças enfrentam adversidades e podem apresentar sinais de dificuldade emocionais. Diferentemente do que muitos podem pensar, o transtorno mental infantil é mais comum do que se imagina. Isso porque, de acordo com a UNIFEC (Fundo das Nações Unidas para a Infância), metade dos transtornos mentais são desenvolvidos antes dos 15 anos. Sintomas como tristeza, ansiedade, mudanças no humor e no comportamento, na alimentação, isolamento social, perda de interesse em atividades que geram prazer e baixa autoestima podem ser indicativos e sinais de que algo não vai muito bem.

Em busca de tentar prevenir que crianças com depressão ou sinais de transtornos venham se tornar adolescentes ou até adultos com ideações suicidas e casos graves da doença, é necessária uma abordagem cuidadosa, abrangente e cautelosa. Primeiramente, a detecção precoce desses sinais de alerta é fundamental. Para observar os sintomas, os pais, cuidadores e professores devem aprender e educar a respeito dos sinais de depressão em crianças, criando um ambiente seguro, acolhedor e confiável para que os pequenos possam se expressar e falar sobre seus sentimentos, angústias e medos. 

É relevante educar e conscientizar esses aspectos na disseminação de informações valiosas a respeito das questões relacionadas à saúde mental – e não apenas durante a campanha Setembro Amarelo. Assim as crianças terão acesso diariamente a conhecimento sobre essa temática e estarão cada vez mais cientes e receptivas a receber apoio, sempre que for necessário. 

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Outra coisa essencial é lembrar que a saúde mental precisa ser promovida através de todas as figuras de autoridade existentes na vida de uma criança e não somente os pais. Professores e educadores também são responsáveis por propagar essas informações por meio de atividades, leituras e brincadeiras. É essencial que todas as pessoas adultas que convivem com as crianças na fase escolar as incentivem a falar sobre suas preocupações e expressar seus sentimentos, mantendo um diálogo recorrente sobre a saúde mental infantil na escola e um olhar atento para possíveis questões que possam estar assolando a vida dos pequenos.

O caminho é praticar e promover atividades que possam trabalhar com esse tema, através de passeios, desenhos, filmes, gincanas e trabalhos a respeito das emoções. Ao discutir sobre sentimentos, medos e comportamentos, vale sempre validar aquilo que eles sentem e tentar trazer direcionamentos. Essa é uma tarefa extremamente necessária e que sempre deve ser colocada em prática, seja em casa ou na escola.

Além de identificar sintomas de depressão, cabe entender o que levou a criança a desenvolvê-la e prover ferramentas para que saibam lidar melhor com os problemas e, quando necessário, recorrer ao suporte especializado de psicólogos e profissionais da área da saúde. Oferecer alternativas para sair dessa situação é essencial para que uma criança cresça e se torne um futuro adolescente e adulto saudável emocionalmente. Por essa razão, é que as crianças devem estar constantemente acompanhadas por um responsável que possa observar seus comportamentos, conversas e emoções.

É preciso lembrar que as crianças de hoje são os adultos de amanhã. Uma criança com apoio, acompanhamento, informação e auxílio, com certeza tem maiores possibilidades de se tornar uma adulta mais segura, madura emocionalmente e com menores possibilidades de traumas e transtornos emocionais maiores.

Por Helen Mavichian

Helen Mavichian é psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em Psicologia, com especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em neuropsicologia e avaliação de leitura e escrita. Mais informações em https://helenpsicologa.com.br/