Doença é uma das principais causas de morte, incapacidade e hospitalizações em todo o mundo
Em 29 de outubro é comemorado o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), data criada com o propósito de conscientizar a população sobre os riscos da doença. Quando se trata de AVC, cada minuto conta e pode fazer a diferença. É fundamental que as pessoas tenham conhecimento dos sintomas, saibam como agir rapidamente e busquem ajuda médica imediatamente.
O AVC é o nome que se dá a um quadro clínico caracterizado por déficit neurológico que dura mais de 24 horas, ou que leva o paciente a óbito, que acontece quando vasos que transportam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, e fazem com que uma determinada área cerebral fique sem circulação sanguínea. Já o Ataque Isquêmico Transitório (AIT) é o déficit neurológico que regride em até 24 horas, e também pode ser causado tanto por hemorragia (rompimento) quanto por isquemia (entupimento) do vaso.
Diferenças entre AVC Hemorrágico, Isquêmico e Ataque Isquêmico Transitório
De acordo com o angiologista, cirurgião vascular e membro da Comissão de Doenças Carotídeas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, Dr. Celso Ricardo Bregalda Neves, existem dois tipos diferentes de AVC, sendo eles: o AVC isquêmico e o AVC hemorrágico.
O AVC Hemorrágico ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe, levando a sangramento dentro do cérebro (chamado AVC hemorrágico intraparenquimatoso) ou na área entre a massa cinzenta e suas membranas (conhecido como AVC hemorrágico subaracnóideo).
AVC Isquêmico acontece quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode manifestar-se devido a um trombo (trombose) ou um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos.
Já o Ataque Isquêmico Transitório (AIT) também pode ser causado tanto por isquemia quanto hemorragia, como citado acima, e o quadro clínico é semelhante ao AVC, mas é denominado desta forma quando os sinais e sintomas neurológicos duram menos de 24 horas.
Os principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC ou AIT são caracterizados por uma série de sintomas. Isso inclui uma manifestação súbita de fraqueza ou formigamento em um dos lados do corpo, que muitas vezes afeta o rosto, o braço ou a perna. A confusão mental é outro indicador crítico, juntamente com a alteração na fala ou na capacidade de compreensão. Mudanças na visão, capazes de prejudicar um ou ambos os olhos, são indicativos preocupantes. Além disso, há a possibilidade de ocorrer dificuldade no equilíbrio, problemas de coordenação, sensação de tontura ou alterações na marcha. O único sintoma que pode ser mais frequente no AVC hemorrágico é a dor de cabeça súbita, pelo aumento e expansão de sangramento dentro do cérebro.
O AVC é uma das principais causas de morte, incapacidade e hospitalizações em todo o mundo, e segundo o Dr. Celso, qualquer pessoa, independentemente da idade, corre o risco de ser acometido pela doença. “Não há uma idade específica, já que alguns fatores de risco como uso de drogas, aneurismas, ferimentos na cabeça, hemofilia e defeitos cardíacos congênitos podem estar presentes em jovens e crianças. Mas é mais comum em idosos, a partir dos 65 anos, pela maior prevalência de aterosclerose e outras doenças nesta faixa etária. Em torno de 25% dos Acidentes Vasculares Cerebrais acontecem em pessoas com menos de 65 anos, pois existem fatores de risco como sobrepeso, colesterol alto, diabetes, sedentarismo, entre outros, que não são relacionados necessariamente com idade avançada. E os homens, em geral, são mais atingidos do que mulheres”, declara o médico.
O diagnóstico do AVC é feito pelo exame clínico por médico especialista e exames de imagem que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo de evento (isquemia ou hemorragia). Tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado para a avaliação inicial do AVC, demonstrando sinais precoces de isquemia ou sangramento.
Já as sequelas de um AVC podem ser variadas e incluem paralisias, déficits sensitivos, afasia, apraxias, negligência, agnosia visual, déficits de memória, alterações comportamentais, depressão e outras. A extensão das sequelas depende da área do cérebro afetada. O especialista explica ainda que é possível que uma pessoa sofra mais de um episódio, especialmente se permanecer exposta aos fatores de risco.
Para prevenir o AVC é essencial adotar um estilo de vida saudável, incluindo não fumar, não consumir álcool em excesso, evitar o uso de drogas ilícitas, manter uma alimentação saudável, manter o peso adequado, praticar atividade física regularmente, controlar a pressão arterial e a glicose e tratar doenças cardíacas. Além disso, exames preventivos incluem medição da pressão arterial, dosagem da glicemia para verificar o diabetes e avaliação da saúde cardiovascular.
“Em caso de suspeita de um AVC é preciso buscar ajuda e ligar para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), ou para o atendimento de convênio, para garantir a remoção rápida do paciente para um hospital especializado. A intervenção precoce é crucial para a sobrevivência e recuperação”, orienta o médico.
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Por Bete Faria Nicastro