Margem bruta da soja teve redução de 68% em comparação a safra 2021/22
Apesar da produção recorde de 322,8 milhões de toneladas de grãos na safra 2022/23, os produtores rurais enfrentaram menores margens de lucro. Um exemplo disso foi a margem bruta da soja, que teve redução de 68% em comparação com a safra 2021/22. Os dados são do Projeto Campo Futuro e foram apresentados durante coletiva de imprensa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre o balanço do agronegócio em 2023 e as perspectivas para 2024.
Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA destaca que, exceto no Rio Grande do Sul, que sofreu com problemas climáticos pelo terceiro ano seguido, o clima foi favorável à produção agrícola no Brasil este ano, contribuindo para um aumento significativo na produção em grande parte do país.
O diretor avalia que a safra 2022/23 foi uma das mais caras da história. Em grande parte, devido ao aumento significativo nos custos especialmente dos fertilizantes que subiram entre 50% e 80%. Além disso, os preços de venda foram mais baixos, resultando em quedas de 20% a 30%, afetando tanto a agricultura quanto a pecuária.
“Os dados do nosso projeto Campo Futuro mostram também na pecuária resultados bastante negativos no leite 67% de margem negativa. No caso da pecuária de corte, os abates cresceram mais de 9,7%, as exportações andaram de lado, o consumo interno foi muito pequeno e isso mostrou um excesso de oferta que ocasionou quedas como até 50% no ciclo completo”, explica.
Outro problema apresentado é o crescimento no número de invasões de propriedades rurais, com um registro de 71 ocorrências em todo o Brasil até novembro deste ano. Lucchi aponta que esse número supera o total dos últimos quatro anos, que somaram 64 invasões. Essa situação tem levado muitos produtores a reduzirem ou até paralisarem investimentos na produção.
Crescimento de importações
A diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, apresentou que o crescimento das exportações do agronegócio até outubro foi de 3% e quando comparado com o mesmo período da safra 2021/22, esse aumento foi de 32%. Mori atribui parte desse crescimento ao aumento de exportações para China e Argentina.
“A China aumentou sua participação nas exportações brasileiras muito por causa da soja e por causa do milho, então passou de 33% para 37%. A quebra da safra na Argentina fez com que a Argentina passasse de 18° principal destino das exportações do agro para 5° principal destino”, avalia.
A diretora pontuou que outros fatores para esse crescimento foram a abertura de 33 mercados, ou seja, negociações de protocolos sanitários e fitossanitários para a entrada de produtos agropecuários em mercados específicos; a polarização das economias mundiais devido ao aumento das tensões geopolíticas e o acordo Mercosul com a União Europeia e as novas exigências ambientais.
PIB
Em relação ao PIB, a previsão para 2023 é de um crescimento de 2,8% no Brasil, sendo impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, onde é esperado um crescimento de 14,5% e contribui com 47% do PIB nacional. Sem a atuação do PIB agropecuário, o crescimento do PIB do Brasil ficaria em torno de 1,7% este ano.
Projeções para 2024
A projeção para o Valor Bruto da Produção (VBP) para 2024 é atingir R$ 1,217 trilhão, marcando uma queda de 2,1% em comparação a 2023. No setor agrícola, espera-se uma redução de 3,4% no VBP devido às incertezas relacionadas a fenômenos climáticos. Por outro lado, na pecuária, é esperado um aumento de 0,8%, impulsionado pela recuperação dos preços do boi.
A safra de grãos 2023/24 é estimada em 316,7 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas a previsão pode ser revista para baixo na próxima divulgação do órgão.
A produção de leite em 2024 deve se manter estável em 34,1 bilhões de litros, impactada por margens negativas e menor capacidade de investimento dos produtores, além de custos crescentes e condições climáticas desfavoráveis.
A produção de carne bovina em 2024 deve ter leve aumento de 0,2% em relação a 2023. Os preços da arroba do boi gordo no Brasil são influenciados pela alta taxa de abate, demanda interna moderada e recuperação da produção chinesa de proteína animal.
Fonte: Brasil 61