Vacinas não possuem 100% de eficácia, mas são totalmente seguras e são ferramentas essenciais para o combate a doenças
Há três anos, no dia 8 de dezembro de 2020, a britânica Margaret Keenan, de 90 anos, foi a primeira pessoa a ser vacinada no mundo contra a covid-19, no Reino Unido. Desde então, a vacinação em massa se difundiu pelo mundo e, ainda que a doença não tenha sido totalmente erradicada, as vacinas foram as grandes responsáveis pelo arrefecimento da pandemia a nível global.
“O principal objetivo das vacinas é prevenir as formas mais graves das doenças. Nunca vai ter uma vacina com 100% de eficácia. Ela é importante para abrandar os sintomas, impedir consequências graves e mortes causadas pela doença”, explica a infectologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Patrícia Rady Muller.
A especialista afirma que todas as vacinas são essenciais, mas que é preciso obedecer às faixas etárias e públicos determinados. “A gente viu como funcionou o processo de vacinação para a covid-19. A partir de estudos científicos, se determina qual a faixa etária mais adequada e se é destinada para homens e mulheres, por exemplo. Tudo varia de acordo com a ação do agente infeccioso que está sendo estudado”, destaca.
O grande objetivo das vacinas é fazer com que a pessoa crie anticorpos que oferecerão uma resposta ou reação a uma determinada doença. Para a elaboração, as vacinas podem ser de diferentes tipos: aquelas com agentes vivos ou atenuados (em que o vírus é atenuado e não pode mais transmitir a doença), com agentes inativos (com vírus mortos) e aqueles de RNA mensageiro (engenharia genética). “Isso é feito porque tem partes de vírus e bactérias que são fundamentais para incentivar a criação de anticorpos e a criação da defesa em relação àquela doença”, detalha.
Patricia orienta que é fundamental manter a carteira vacinal atualizada e ressalta que o Programa Nacional de Imunização (PNI) é um dos mais completos do mundo, com vacinas disponíveis de acordo com a faixa etária. Algumas delas, como a contra a tuberculose, são essenciais, enquanto outras como a do pneumococo (causada pela pneumonia por bactérias) e a do HPV são destinadas a públicos específicos. Apenas as vacinas disponíveis no PNI já oferecem uma proteção muito importante, segundo Patricia.
No caso da vacina contra a covid-19, as vacinas foram sendo atualizadas de acordo com as mutações do vírus. Hoje, são aplicadas as vacinas bivalentes, uma atualização feita com base no vírus que evoluiu muito desde o início da pandemia. O recomendado pelos órgãos de saúde é que cada pessoa tenha tomado pelo menos duas vacinas das relacionadas ao vírus inicial e mais uma bivalente da Pfizer. “É muito importante vacinar, visto que a circulação do coronavírus e das internações relacionadas à doença aumentou. Isso ocorre porque menos de 30% da população brasileira se vacinou com a bivalente então essa atualização se torna essencial”, descreve a médica.
Por fim, a infectologista ainda faz um alerta importante para a população. “A gente só consegue erradicar doenças se a gente tiver tratamentos associados a vacinas. As vacinas testadas e aprovadas pela ciência, como as contra a covid, não vão trazer malefícios. É preciso combater as notícias falsas que circulam sobre o assunto e, por isso, é importante sempre procurar médicos disponíveis e os órgãos e instituições de saúde para tirar todas as dúvidas relacionadas ao assunto para evitar qualquer distorção”, finaliza.
Por Renan Araujo