A hora dos condomínios inteligentes

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Em 10 anos, número de apartamentos no país aumentou para 10,4 milhões

O fenômeno da verticalização das cidades brasileiras está impulsionando o número dos condomínios residenciais. De acordo com os números da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), em uma década, a quantidade de apartamentos construídos no país aumentou de 6,1 milhões para 10,4 milhões, um crescimento de 68,7%. Outra informação sobre os lares brasileiros é que estão cada vez mais inteligentes, pelo menos no que cerca as soluções da segurança eletrônica.

Segundo o Panorama de Mercado apresentado pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o setor de Portarias Remota, por exemplo, cresceu 17,5% no ano anterior e pode superar 18,7% em 2023, e o que chama atenção sobre este mercado é que – apesar de não estar restrito aos condomínios residenciais – a aplicação nestes locais corresponde a 82% dos negócios.

A solução – que pode integrar controle de acesso inteligente, videomonitoramento, analíticos de vídeo, alarmes e áudio – pode mudar a cara e os custos dos condomínios brasileiros nos próximos anos. Com a popularização das tecnologias habilitadoras, Internet das Coisas, Deep Learning e Inteligência Artificial e a entrada do 5G oferecendo o suporte necessário para a operação, veremos crescer o número de condomínios inteligentes, mas esta é uma transformação que remonta desafios.

Atualmente, segundo os dados da pesquisa da Abese, já são mais de 4.500 portarias remotas pelo Brasil, monitorando mais de 13.500 contas. O número corresponde a prédios novos – que desde a planta já contam com a tecnologia prevista, e também aqueles que se adequaram para receber a solução posteriormente, ou seja, que antes contavam com uma portaria convencional, com dois ou mais profissionais em revezamento de turnos.

Contudo, isso não significa desemprego. Muitas dessas empresas estão recontratando os profissionais da portaria e oferecendo cursos e atualizações para suprir o déficit de mão de obra que o segmento de segurança eletrônica enfrenta. Conforme o panorama de mercado, 64,29% das empresas pretendem contratar funcionários para áreas técnicas, considerando que, em média, cada uma conta com 44 colaboradores segundo o levantamento, são novos postos de trabalho gerados a partir da tecnologia.

A tecnologia é utilizada com foco em garantir mais conforto, segurança e praticidade nos lares. Foto Gerd Altmann

Outro desafio inerente é que com o aumento da demanda, cresce o interesse de empresas não especializadas em busca de lucratividade. Todavia, quando o assunto é segurança, a excelência deve ser um pressuposto uma vez que qualquer ponto de vulnerabilidade é a porta de entrada para criminosos e cibercriminosos. Por isso, foi necessária a criação do Selo de Qualidade Abese para diferenciar empresas que obedecem às melhores práticas de segurança do segmento.

É assim, com desafios e conquistas, que se consolida uma alternativa viável para aumentar a segurança nos condomínios, já que cerca de 80% de todos os processos de entrada e saída passam a ser checados eletronicamente, e ainda se colabora com a resolução de um grande problema dos condomínios brasileiros: a inadimplência. Este tipo de tecnologia custa cerca de 30% a 40% do que uma portaria tradicional, uma economia que pode chegar a 70%, refletindo na diminuição do valor a ser pago pelos condôminos em alguns casos.

Em um cenário em que morar fica cada vez mais caro, a justa adequação das contas pode ser uma saída para a saúde financeira, seja por uma questão de segurança, de facilidade ou adequação de custos, o fato é que o setor imobiliário, as administradoras de condomínio e síndicos profissionais, assim como os próprios condôminos, se beneficiam dos avanços que a tecnologia promove, mais uma vez a segurança eletrônica faz parte da solução.

Por Selma Migliori, presidente da ABESE – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança