‘Fake nudes’: número de casos aumenta nos últimos meses e preocupa especialistas em IA

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Especialista em cibersegurança comenta sobre o tema e dá dicas de como se proteger da nova modalidade de golpe

A tecnologia não para de avançar e, paralelamente, os crimes cibernéticos também estão acompanhando essa evolução. A Lei Carolina Dieckmann, por exemplo, entrou em vigor há 11 anos e se tornou responsável por incluir a tipificação de crimes virtuais e delitos informáticos no Código Penal. Na ocasião, a atriz teve o seu computador invadido, com 36 fotos íntimas divulgadas, além de sofrer extorsão dos criminosos.

Em 2023, os crimes de extorsão por conteúdos íntimos ganharam novas roupagens. O primeiro deles, também conhecido como “sextorsão”, consiste em um golpe no qual os criminosos convencem a vítima a receber e enviar fotos íntimas para um perfil fake. Em seguida, os criminosos se passam por parceiros ou pais do perfil fake, e até mesmo autoridades policiais, e ameaçam a vítima de vazar suas imagens e vídeos íntimos caso não recebam uma quantia de dinheiro.

O último, e talvez o mais grave, é a divulgação de falsas imagens íntimas, geradas por Inteligência Artificial — também chamadas de “fake nudes”. Através de softwares de IA, pessoas criam vídeos e imagens fake com rostos de pessoas reais e divulgam essas mídias com o intuito de ameaçar, constranger, extorquir e coagir as vítimas.

Em novembro deste ano, pelo menos 20 meninas de um colégio no Rio de Janeiro foram vítimas de “fake nudes” criadas por seus colegas de classe. As imagens estavam sendo divulgadas em um grupo exclusivo e só vieram à tona porque um dos meninos decidiu denunciar. A Polícia Civil foi acionada e o caso está sendo investigado na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

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Segundo Sylvia Bellio, especialista em cibersegurança e CEO da itl.tech, a tendência é que os golpes fiquem cada vez mais elaborados. “Estamos vivendo em um mundo cada vez mais conectado e, com a evolução da Inteligência Artificial e do machine learning, este tipo de crime vai ser cada vez mais comum”, alerta.

A especialista ainda destaca que muitas pessoas não têm dimensão da gravidade dos crimes cibernéticos. “Desde o lançamento das redes sociais, milhares de pessoas diariamente adicionam mídias pessoais nessas plataformas sem saber o real risco que estão correndo”.

Conforme Sylvia explica, é preciso estar atento a alguns cuidados. “Você só consegue se proteger de algo que considera uma ameaça”.

Confira 5 dicas listadas pela especialista de como se proteger de um golpe de extorsão ou de ter suas fotos íntimas vazadas, a seguir;

Entenda como se proteger de maneira eficaz

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  1. Evite compartilhar fotos e vídeos íntimos ou mantê-los em seu celular: Para proteger a sua intimidade, evite trocar mídias com conteúdos sensíveis em plataformas digitais de qualquer tipo. Além disso, evite até mesmo guardá-los em seus dispositivos, como smartphone ou notebook, visto que, em casos de assalto, os criminosos teriam acesso aos materiais íntimos.
  2. Desconfie de comportamentos suspeitos: Fique atento e desconfie de comportamentos fora do padrão nas suas redes sociais. Solicitações de amizade de perfis fakes, e-mails suspeitos — com assuntos sensacionalistas ou alarmantes —, e pedidos de intimidade de pessoas aleatórias são iscas que os criminosos utilizam para escolher suas vítimas.
  3. Evite atender chamadas de vídeo com desconhecidos: Lembre-se que você nunca pode ter certeza de quem está do outro lado (e se eles estão gravando a tela ou não).
  4. Mantenha o seu dispositivo seguro: A especialista alerta para as medidas básicas de segurança: “utilize apenas senhas fortes, acione a autenticação de dois fatores nas redes sociais e nos e-mails, mantenha o seu dispositivo sempre com a versão mais atualizada disponível e, claro, tenha sempre um antivírus instalado”, alerta.
  5. Políticas de proteção: Para evitar que pessoas utilizem suas fotos para montagens ou imagens manipuladas por IA, Sylvia cita algumas políticas de proteção que estão começando a ser adotadas, como a assinatura digital ou marcas d’água.

Caso tenha sido vítima

Caso você tenha sido vítima de um desses tipos de crime, a especialista alerta como deve prosseguir;

  1. Guarde e registre provas dos acontecimentos: tire prints das conversas, das imagens, salve o nome do perfil que entrou em contato e o link completo para página da web. Salve dados de contas bancárias dos criminosos e, caso a extorsão tenha sido feita por telefone, faça uma relação de todos os números de telefone utilizados, contendo data e hora das conversas.
  2. Registre um Boletim de Ocorrência: estando em posse de todas as provas e evidências, procure a Delegacia de Polícia mais próxima ou registre o BO através do site da Delegacia Eletrônica.

Por Julia Gonzales