Quem matou a ciência?

O homem chega a lua. Foto Unsplash

Estamos atravessando um momento onde constatamos que a ciência morreu. Não que ela tenha deixado de existir, mas a crença nela sim. Portanto, o que vemos hoje é fruto da morte da ciência, a morte da esperança na ciência e de um dia melhor para a humanidade.

Quem não lembra que imaginávamos ver no ano 2000 carros voadores. Desse sonho, dessa crença, o que era ilusão e o que era ciência? Já se perguntaram se não seria possível ter carros voadores e casas nas alturas como mostrava o desenho de Hanna-Barbera, “Os Jetsons”?

Na minha leiga opinião digo que sim.

Mas as dúvidas, essas que mataram a ciência, continuam. Perguntas ainda povoam o imaginário popular. Temos condições de ter carros voadores que nem mostrava em 2000 o desenho animado? E as dúvidas matam a esperança na ciência.

Algo que frita o cérebro das pessoas é que a literatura e as artes já apontaram evoluções cientificas. As anteriores a dos Jetsons se realizaram quase que na sua totalidade. A ciência destruiu várias “previsões” que os antigos conheciam e acreditavam, uma delas a teoria religiosa da “Terra Plana”.

A morte da ciência fez renascer essa famigerada teoria. Mas, contrário a isso, as teorias relatadas por Julio Verne foram quase todas provadas por ela, e com detalhes que nos espantam até hoje.

Mas voltando aos motivos pelo qual as previsões populares, apontadas na obra de Hanna-Barbera, que não foram realizadas, temos que salientar que nos outros casos não existia o capitalismo como existe hoje. O que existia era subordinado ao desejo da conquista da humanidade, da realização pelo simples fato de poder e ser o nosso destino.

Como já não há mais mérito despretensioso, ou quiçá humanitário, o novo capitalismo se importa tão somente com o lucro e com a necessidade de gerar lucro e criar mercado, tudo isso fácil sem trabalho e com o menor custo possível.

A última ação realmente de proporções mundiais, e, com o desprendimento necessário aos feitos humanos, foi o homem ter ido a Lua. John Fitzgerald Kennedy apontou no seu discurso: “Vamos a Lua não por que é fácil, vamos por que é difícil”. Esse grande último feito também mostra que ali morria o capitalismo antigo e nasceria esse que vemos hoje em dia.

Esse discurso apontou que o avanço tecnológico humano estava acima dos desejos e interesses privados. Quando disse que não era fácil ir à Lua queria dizer que não teria lucro, que não seria barato e que todos desfrutariam da conquista.

Estou falando tudo isso por que realmente temos tecnologia de sobra já há muito tempo para isso. Mas o capitalismo não larga o osso e explora da forma mais lucrativa e menos humana, o ser humano.

Em 1996, bem diferente de que o grande público de hoje acredita, a GM lançava o EV-1, comparativamente um carro tão eficientes quanto os modernos Tesla de Elon Musk. Porém, à época, o capitalismo ainda estava focado em extrair todo lucro possível dos poluidores carros com motores a combustão interna usando os hidrocarbonetos disponíveis no mercado e imposto pela indústria petrolífera que tanto polui o planeta.

EV1 criado pela GM na década de 1990 e retirado de linha sem grandes explicações.

Num capítulo a parte, o GM EV-1 foi disponibilizado apenas em dois estados americanos: Arizona e Califórnia. Era feito apenas por contrato de aluguel, um leasing, sem opção de compra ao final do contrato. O carro era tão eficiente que a GM teve que colocar a polícia para que seus usuários devolvessem os carros. Teve até formação de uma associação no intuito de comprar oferecendo US$ 1.8 milhão, que foi rejeitada pela montadora. Até a atriz Michelle Pfeiffer teve sua casa invadida pela polícia em busca do carro que ela dizia amar e, por conta dele, não querer mais carros a gasolina.

Milhares de carros foram recuperados e destruídos pela GM, o que aponta que a montadora tinha passado dos limites. O capitalismo estava lhe impondo uma penalização. A GM destruiu, ao total, cerca de mais de uma centena de milhares do EV-1, sendo quase a metade 0 KM.

Tento mostrar um exemplo de que o capitalismo não queria evolução alguma e a impediu, nos deixando aquém do desenvolvimento por que ainda queria e quer continuar explorando os combustíveis fosseis, que dão poder, por exemplo, aos Emirados Árabes e fomenta muita guerra abastecendo e financiando as indústrias bélicas. Permitir que a GM continuasse, primeiro que causaria enormes prejuízos a indústria da guerra e do petróleo obrigaria a todas as outras montadoras mundo afora, a mudar suas plantas para atender a nova demanda.

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Foto Unsplash

Mas isso não fez só a ciência morrer, como também a fé na ciência morrer. De inúmeras formas vemos o capitalismo desmentir, por conveniência, a própria ciência. Motores chamados “free energy”, seja os por indução magnética, por conversão de água em HHO, gás combustível não poluente são desautorizados e desmentidos por “cientistas de holerite” que aparecem como mosca no mel quando algum cientista de verdade diz ter conseguido energia livre e permanente. Motores de indução magnética já são usados para gerar energia. A teoria de Arquimedes é aplicada também nas usinas de flutuação, absurdamente funcionais, baratas e “superecológicas”, não produzindo nenhuma poluição e dispensando construção de barragens que alagam milhões de hectares e mudam o sistema, alterando o clima.

Falar da indústria farmacêutica e alimentícia, que são um dos piores venenos que o povo consome, seria entrar numa briga infinita. No meu caso, não estou a fim de debater com um “cientista de holerite” nem com um “intelectualoide” de caixa de sabão em pó defensor do capitalismo.

Mas se hoje vemos a ciência morrer, nem por causa dos ignorantes que o capitalismo produz, mas pela sonegação que vem cometendo por longos anos a fio.

Por José Ribas Woitschach

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