A destruição programada da aposentadoria: o retorno ao ‘pé-de-meia’.

A previdência brasileira foi criada em 1923 com a Lei Eloy Chaves

Assim como o governo acabou com a CLT, aprovando a lei de uberização do trabalho (Projeto de Lei 713/2021) — o que sabíamos que iria acontecer, já que nada fez para desfazer o absurdo do seu escolhido Michel Temer — agora sacramenta outra destruição programada: a aposentadoria.

A previdência brasileira foi criada em 1923 com a Lei Eloy Chaves. Mesmo após sua criação, o povo brasileiro manteve o ditado clássico por muito tempo: o de “fazer o pé-de-meia”.

“Sem Eira e Nem Beira”, antes da aprovação da lei que criou a previdência, a real e merecida aposentadoria, o temor do fim de vida do trabalhador, a necessidade de “fazer um pé-de-meia”, ainda perdurou por muitos anos.

Hoje, capenga, mas institucionalizada, a aposentadoria tomou o espaço da incerteza de tempos anteriores. Reconhecendo que o brasileiro é trabalhador e que sofre com empresários brasileiros sem compromisso, que fogem do pagamento de impostos e se negam, até hoje, a registrar seus trabalhadores em carteira, tornando efetivamente um povo trabalhador, no Governo Itamar Franco, esse reconhecimento chegou na forma do famoso BPC/LOAS. No mais tenebroso cenário, o “fazer um pé-de-meia” não mais seria necessário, coisa que sabemos ser impossível para o trabalhador brasileiro, com sua pífia remuneração por trabalhos prestados, de igual forma a qualquer trabalhador de país europeu que jamais deixou nas costas de seus cidadãos a obrigação de “fazer um pé-de-meia”.

Foto Canva Studio

Mas esse termo voltou, já tentando educar a população jovem para o que está por vir: não haverá aposentadoria para ninguém (exceto para militares, políticos, para o judiciário e alguns outros poucos servidores públicos de cabeça branca), sendo necessário “fazer um pé-de-meia”; pasmem, num programa desse governo que “beneficiará jovens estudantes” do ensino médio em forma de poupança.

O “velho Paulo Guedes de guerra” está fazendo escola e o “aluno Lula” aprendeu rápido, sem acabar com a PPI, sem tirar a autonomia do Banco Central, quiçá do seu presidente. Parece obrigação, pois tudo que a direita faz é indicação para esse governo seguir fazendo, e o antigo ministro, com a intenção de acabar com a aposentadoria pública, dizia que o povo brasileiro tinha que fazer poupança e que até indicou um valor, ínfimo dito por ele, para os brasileiros começarem. Do “mensalão tucano” ao “orçamento secreto”, mesmo ilegais ou imorais, esse governo sempre deu seguimento. Então, a aposentadoria está com os dias contados.

Entramos no tempo que essa geração não saberá o que é aposentadoria, o direito de se aposentar, mas já aprende a obrigação de fazer um “pé-de-meia”!

Vem aí o “salve-se quem puder”… quer dizer… “pé-de-meia”!

Por José Ribas