Direção perigosa: seis sinais de que você pode ter comportamentos de risco no trânsito

Veja os principais gatilhos mentais que levam ao desenvolvimento desse tipo de problema

O recente caso do motorista de um Porsche que colidiu na traseira de um Renault no bairro Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, levando à óbito seu motorista, reacende debates sobre como evitar atos de risco no trânsito.

Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT, explica que a direção perigosa pode ter raízes em problemas emocionais, que se originam ainda na fase da infância e adolescência.

Confira, a seguir, os principais gatilhos mentais que levam ao desenvolvimento desse tipo de problema:

1) Dificuldade em seguir regras. Segundo Filipe, pessoas que se opõem a regras e que não foram devidamente advertidas durante a infância ou adolescência (sendo superprotegidas, por exemplo) são fortes candidatas a praticar uma direção perigosa. “Isso porque estes indivíduos não passaram por frustrações ou situações que os obrigassem a lidar com as consequências de seus atos”, explica o especialista.

Foto Freepik

2) Baixa regulação emocional. O psicólogo diz que pessoas com dificuldade em identificar, nomear e fazer uso de estratégias para lidar com emoções como raiva, frustração e ódio, ou seja, que têm baixa regulação emocional, estão mais sujeitas a cometer atos de risco no trânsito. “Estes indivíduos têm maior propensão à impulsividade e agressividade, que podem ir crescendo em meio ao estresse do trânsito, levando a atos de violência”, comenta.

3) Prepotência e soberba. Segundo Filipe, pessoas prepotentes e arrogantes, que se consideram melhor que os outros, têm maior dificuldade em seguir regras em geral (e nisso se incluem as normas de trânsito). “Quem tem esse perfil tem resistência a se abrir a novos aprendizados e, por desconhecer as regras de trânsito, acha que basta entrar no carro e dirigir, sem levar em conta que existe todo um processo de educação por trás desse ato”, explica Colombini.

4) Busca por fortes emoções. “Não é incomum encontrar pessoas que fazem do ato dirigir uma aventura e buscam nisso a sensação da adrenalina em seu estado máximo”, diz Filipe. “Quando assim o fazem, elas perdem a consciência sobre as consequências da direção perigosa para si mesmas e para os outros”, conclui. Em tempo: essa situação é semelhante a alguém que sente raiva, por exemplo, e recorre à bebidas alcoólicas como válvula de escape – só que, neste caso, alguns indivíduos querem utilizar o carro em movimento para extravasar suas emoções, o que é potencialmente perigoso.

5) Presença de transtornos. Pessoas acometidas por transtornos como bipolaridade e TDAH têm maior risco de cometer imprudências no trânsito. “No caso da bipolaridade, comportamentos maníacos podem fazer com que a pessoa se sinta acima do bem e do mal e cometa atos perigosos sem ter noção, de fato, das consequências a curto prazo para si e para a sociedade”, diz Filipe. “E no caso do TDAH, em função do déficit de atenção, a pessoa pode não se atentar a sinais, uso correto de mecanismos do carro e regras de trânsito, em função da falta de atenção”, conclui. O especialista destaca que, apesar da relação entre TDAH e direção perigosa ser pouco explorada, é muito importante atentar para este fato.

person driving and drinking
Foto Energepic.com

6) Uso de álcool ou drogas. Diversas pesquisas indicam a presença de drogas psicoativas em motoristas mortos ou feridos em acidentes de trânsito, assim como estudos experimentais revelam prejuízo na performance de indivíduos sob efeito de álcool ou drogas. “A pessoa que ingere bebidas alcoólicas, principalmente de forma exagerada, perde toda habilidade essencial para conduzir um veículo. Isso porque ela pode ter uma redução do nível de concentração, visão turva, diminuição dos reflexos, aumento da sonolência, além de maior dificuldade em compreender informações sensoriais”, diz Colombini. “Já as drogas, em geral, provocam lentificação da reação aos estímulos externos e luminosos, além de distorção de imagens, delírios e tremores, o que pode afetar severamente a capacidade de dirigir”, conclui.

Por Caroline Fakhouri