Estamos no meio de uma transformação de conceitos éticos, morais e espirituais

Hoje, alguns poucos têm se dedicado a alimentar o intelecto

Muitos estão passando por essa fase como se diz no ditado popular: em brancas nuvens. Seguem a vida num roteiro social e econômico preestabelecido com a chancela dos dominantes da certeza e do acerto. Porém, alguns poucos, como se tivessem a grande experiência de que o ser humano deixou de ser extrativista e se fixou na terra cultivando seu próprio alimento “de lavra própria”. O que antes apontava para o suprimento do corpo, hoje, alguns poucos têm se dedicado a alimentar o intelecto, suprir a alma e tirar de si a força necessária para, assim como seus antepassados que deixaram o extrativismo, criar uma nova forma de vida.

Se no ermo do mundo o arado de pedra necessitava de reparo para que a comida não faltasse na mesa, o andar pelas matas e campos tinha o olhar clínico para enxergar a pedra perfeita, a fibra correta da corda, o galho robusto de madeira dura e resistente para receber a pedra que sulcará a terra, depositando o tão necessário “pão-nosso-de-cada-dia”.

Alguns dias atrás, escrevi um texto dando conta da tecnologia e de como ela irá nos levar para outra forma organizacional da sociedade, a Inteligência Artificial. Sairemos do constante caminhar, não como um extrativista, mas o “caminhar dos estrativados” que as classes dominantes colhem, pois plantam gente, onde regras, conceitos e costumes criam gente, seja, por exemplo, religioso, seja por imposição social (tendo três filhos para conseguir qualquer bolsa possível que dará sobrevida aos pais) para as classes mais abastadas se fartarem, colhendo gente que vem com o trabalho que eles não querem fazer.

A leitura é benéfica para nosso cérebro e nossas emoções. Foto Freepik

Sim, as classes dominantes são contra o aborto, mas também são contra o controle de natalidade. Fingem ser favoráveis, mas dar educação sexual às crianças, sendo isso o fator preventivo à natalidade, não, aí não! Ensinar que sexo pode acontecer sem que haja risco de gravidez não é permitido, e se você fizer isso, teimando e sendo contrário aos ditames da sociedade, não estará cumprindo com o desejo de “Deus”, “nascei, crescei e procriai-vos”, afinal, gente, os padres e pastores já vêm mostrando isso há muito tempo, gente é a semente, a terra, o adubo e a mão de obra necessária para eles se fartarem e terem suas mesas sempre cheias.

Mas isso está, mesmo que timidamente, mudando. A “lavra própria” da qual indico e dou título a este texto já tem acontecido e no pensar, temos visto pessoas escrevendo e propondo. Alguns no caminho da inovação, acabam repetindo alguns conceitos já preestabelecidos e que devem ser descartados de pronto ou mudados completamente dos princípios que são escravizantes.
O olhar clínico que nas florestas e nos campos o cidadão enxergava materiais para manter seu arado funcionando e ter sua mesa abastecida é, com certeza, a tecnologia, e aí aponto para a IA – Inteligência Artificial. Ela será o suporte que necessitamos para nos mantermos autônomos e mesmo no “ermo das grandes cidades”, prontos e aptos a encontrar formas e fórmulas para resolver nossos maiores problemas e encontrar o contorno aos velhos conceitos que mantêm o ser humano escravo de seres nada humanos.

Por José Ribas