Saiba como reduzir o cansaço das crianças no ensino remoto
Embora a tecnologia permita que os alunos continuem os estudos em casa durante a pandemia do novo coronavírus, o excesso do uso de telas pode causar um efeito negativo nas crianças: estresse e esgotamento do ensino remoto. É o caso da filha de Nancy, que, segundo o site Mashable, chegou a cortar o cabo do computador para não fazer mais as aulas online.
Segundo os professores, a menina também costumava sair das atividades virtuais para brincar. Esse pode ser um sinal revelador do estresse das crianças no ensino remoto. “Não quero mais aprender online”, essa foi a reação da filha quando Nancy e o marido lhe disseram que estava considerando manter o ensino a distância nos próximos meses.
O “burnout” é definido como falta de motivação ou energia devido ao estresse ou à exaustão. Pode ser caracterizado por baixo moral, raiva, irritabilidade, ansiedade, falta de foco e dificuldade em solucionar problemas, diz Pamela Hurst-Della Pietra, fundadora e presidente do Children and Screens: Institute of Digital Media and Child Development, que pesquisa o impacto da tecnologia nas crianças.
Para o médico David Anderson, que trata crianças e adolescentes com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e outros distúrbios comportamentais no Child Mind Institute, não é surpreendente que as crianças se sintam esgotadas devido ao aprendizado virtual.
Felizmente, existem maneiras de reduzir o estresse das crianças no ensino remoto. O site Mashable conversou com os dois especialistas para obter dicas para aliviar os efeitos nos pequenos.
1. Entenda as necessidades do seu filho e experimente soluções
Segundo Pamela Hurst-Della Pietra, os pais devem tentar demonstrar uma atitude positiva quanto ao aprendizado online (mesmo quando for difícil) e lembrar a importância da educação para seus filhos. “Você pode perguntar a eles o que eles querem ser quando crescerem e se eles acham que isso é possível sem educação”, aconselha.
Para ajudá-los a se concentrar nos aspectos positivos da escola remota, pergunte o que aprenderam e acharam interessante depois de cada dia de aula (se você tiver tempo e energia). Você também pode dizer para a criança que a situação é temporária e que ela não precisa ser perfeita nas aulas online.
Otimizar o espaço de trabalho dos alunos também é uma forma de ajudar seu filho a se concentrar e ficar mais motivado com o aprendizado remoto. Por exemplo, decore o espaço de trabalho da criança – isso não precisa custar dinheiro. Certifique-se apenas que a decoração não seja um motivo de distração. Além disso, remova os brinquedos da área de estudos
Coloque o material escolar que seu filho mais gosta no espaço de estudos para deixá-lo mais animado. Além disso, observe o que o ajuda a manter a concentração. Se você tiver mais de um filho, tente colocar as crianças na mesma sala para que se sintam mais concentradas e menos sozinhas. Se isso distrair ainda mais seus filhos, separe-os se tiver espaço.
Se depois disso tudo, a criança continuar reclamando do aprendizado a distância, não a force a gostar, diz David Anderson. Seu filho pode pensar que você está ignorando como ele se sente. Em vez disso, reconheça seus sentimentos e mostre que você está disposto a ajudá-lo. Você pode fazer perguntas abertas, como: “O que tornará essa experiência melhor?” Isso não quer dizer que o problema será necessariamente resolvido.
Se seu filho se recusa completamente a entrar na aula online, tente descobrir o motivo. Isso acontece antes de uma disciplina específica ou porque ele não gosta de um determinado professor? “Seu filho briga para fazer login todos os dias em todas as aulas? Ou é uma situação específica?”, questiona Pamela. “Chegar à raiz do problema é importante.” Ao fazer isso, você poderá encontrar soluções mais eficazes para tornar o ensino remoto menos doloroso.
2. Aprenda a usar a tecnologia antes das aulas online
Parte da exaustão que seu filho pode sentir pode ser causada pelas próprias ferramentas de aprendizagem online, diz David. Algumas crianças podem se sentir frustradas se não conseguirem navegar em uma plataforma com facilidade.
O médico recomenda que as crianças façam login nos aplicativos antes do início das aulas e explorem um pouco as funcionalidades disponíveis. Em caso de problemas, lembre seu filho de que ele pode pedir ajuda para o professor ou para uma equipe de TI, caso a escola tenha uma à disposição dos alunos.
3. Crie uma rotina para seu filho
Se as crianças tiverem uma rotina, provavelmente se sentirão menos sobrecarregadas. Isso também pode ajudar seu filho a evitar acordar cedo ou ficar acordado até tarde para terminar as tarefas. Sono de qualidade e refeições consistentes são importantes, diz Pamela.
As pausas também são importantes. Você pode, por exemplo, programar uma hora de ensino remoto e, em seguida, propor uma pausa de 30 minutos a uma hora para que seu filho faça alguma atividade, como caminhada ou ioga. A falta de socialização pode contribuir para o esgotamento das crianças. Organize encontros virtuais entre elas antes ou depois da escola.
4. Considere criar grupos de estudo
Se a educação online simplesmente não está funcionando para seu filho, descubra se você pode criar ou se ele pode participar de um grupo de estudos, sugere Pamela. Esse contato entre os estudantes pode complementar o ensino a distância e ajudar a aliviar o isolamento dos alunos, reduzindo assim o estresse das crianças no ensino remoto.
5. Converse com a professora de seu filho
Se você notou que seu filho está deprimido, ansioso ou apresentando algum tipo de sofrimento emocional, é hora de conversar com o professor, alerta a especialista. “Achamos que as escolas estão mais empáticas do que nunca com esse momento difícil [ensino a distância]”, afirma David. Mas tenha cuidado com a abordagem escolhida para conversar com os educadores.
Algumas dicas: sugira que seu filho comece e termine o dia com sua aula favorita. Peça aos professores que incluam atividades que possam tornar o aprendizado online mais envolvente (como jogos em que seu filho interage com outras crianças).
Explore a possibilidade de uma sala de aula que inclui discussões e atividades em grupos, em vez de apenas aulas expositivas. Pergunte se o professor tem disponibilidade para uma conversa personalizada com seu filho. Solicite que as aulas sejam gravadas para que o aluno possa acessar o material a qualquer momento, mas saiba que as gravações podem não ser possíveis devido a questões de privacidade.
Pamela também sugere entrar em contato com outros pais para saber como eles têm enfrentado esses desafios. Pode ser útil criar uma comissão de pais para reuniões com professores ou diretores da escola.
Por Cabeça de Criança