Cooperativa Recicla Naviraí corre risco de encerrar as atividades após 5 anos

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Foto Marta Ortigosa

Hoje, mais de 20 famílias que tiram seu sustento com os materiais recicláveis processados na unidade.

A cooperativa de reciclagem Recicla Naviraí, inaugurada em 2019 por meio do Programa Recicleiros Cidades, corre sérios riscos de deixar de existir. O projeto inovador, implementado pelo Instituto Recicleiros em parceria com a prefeitura de Naviraí dentro da lógica de responsabilidade compartilhada, vive um momento delicado e aguarda encaminhamentos da prefeitura para continuar processando e comercializado os materiais recicláveis coletados na cidade, os quais garantem atualmente trabalho e renda digna para mais de 20 famílias beneficiadas com o empreendimento social. 

O Instituto Recicleiros iniciou o projeto da Recicla Naviraí com o planejamento de atuar com a implantação da Unidade de Processamento de Materiais Recicláveis (UPMR), educação ambiental para a população, suporte à municipalidade, assessoria técnica para a nova cooperativa por 5 anos e capital de giro para o empreendimento dos catadores. Isso significa que, além de desenvolver o Plano de Coleta Seletiva, investir na engenharia, compra de máquinas, equipamentos e formação da cooperativa, também vem aportando recursos para cobrir as despesas da operação, incluindo a remuneração dos cooperados, durante o período de amadurecimento do novo serviço na cidade.

O projeto completa neste mês de maio 4 anos e 6 meses desde a sua inauguração e o montante aplicado na Recicla Naviraí soma até aqui aproximadamente R$ 4 milhões de investimentos diretos, fora toda assessoria técnica provida pelo Instituto Recicleiros. Hoje, toda população urbana é atendida pelo serviço de coleta seletiva porta a porta em Naviraí. 

A projeção era atingir em menos de 2 anos o mínimo de 90 toneladas de materiais recicláveis coletados nas casas e pequenos comércios mensalmente, o que representa menos de 20% dos materiais recicláveis gerados na cidade. Fato é que as metas traçadas desde a fundação da cooperativa não foram atingidas em razão da falta de adesão da população – questão que pode ser resolvida com a educação ambiental – e o montante de investimentos do Instituto dedicados ao projeto se esgotou.

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Foto Anas Jawed

Novo contrato é fundamental para manter a cooperativa aberta

Nos últimos oito meses, Recicleiros e cooperativa vêm comunicando com regularidade à prefeitura sobre o encerramento do aporte financeiro e propondo formas para garantir a continuidade do serviço para a população, que é obrigatório por lei. Assim, as partes envolvidas buscaram alternativas para vencer os desafios. 

Assim, surgiu a proposta de um novo contrato com o que há de mais moderno no Brasil para essa modalidade de parceria entre prefeituras e cooperativas de catadores, acatando as recomendações dos órgãos técnicos estaduais com a previsão do pagamento dos serviços ambientais prestados pela cooperativa à cidade de Naviraí. Isso garantiria a condição de remuneração mínima para os catadores e a continuidade dos serviços de destinação ambientalmente adequada dos resíduos.

A prefeitura sinalizou na terça-feira (7) a disposição de assumir boa parte do valor proposto como custo de prestação de serviços pela cooperativa e que poderia garantir esse compromisso até dezembro de 2024. Porém, ainda falta a assinatura do contrato. Apesar dessa sinalização positiva, a situação da cooperativa segue incerta não apenas por não contar com os recursos necessários no presente, mas, sobretudo, porque não há garantias da transferência da verba em 2025.

Possível retrocesso socioambiental

O fim da Recicla Naviraí significaria, além da perda de mais de 20 postos de trabalho, um retrocesso para o município que foi pioneiro ao receber um sistema avançado e completo de processamento de materiais recicláveis no estado. Além do aspecto social, há também que se considerar o lado ambiental.

Sem a coleta seletiva e reciclagem na cidade, o dinheiro público dos contribuintes volta a ser aplicado no transporte e no aterro dos materiais recicláveis, prejudicando o meio ambiente e deixando de gerar renda e trabalho as pessoas do município que mais precisam. O serviço de coleta seletiva também evita o descarte incorreto dos materiais que pode gerar a propagação de doenças como dengue e acúmulo de materiais em locais inadequados e que podem gerar diversos problemas, como enchentes. 

A população pode fazer a diferença nesta situação, separando seus recicláveis – plástico, vidro, papel, metal e óleo de cozinha – e colocando na porta de casa no dia e hora que o caminhão da reciclagem passa no bairro. Acesse www.chegouareciclagem.org.br para saber mais detalhes. As empresas também podem contribuir doando os recicláveis gerados no dia a dia para a cooperativa da cidade.

A Recicla Naviraí está de portas abertas para receber visitas. Todas e todos podem conhecer melhor o trabalho socioambiental de impacto que acontece na cooperativa.

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Por Maria Vitória Freitas