Economia criativa é tendência para a próxima década e apresenta lições interessantes
Nos últimos anos, o papel da economia criativa vem crescendo cada vez mais, sendo que em 2019 ela foi responsável por significativos 3% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Esse setor econômico emergente está sendo fortalecido por um aumento na digitalização de serviços e essa tendência para a próxima década traz diversas lições importantes.
Papel cada vez maior e definição complexa
A economia criativa é um dos setores econômicos de crescimento mais rápido no mundo. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o mercado global de bens criativos expandiu para US$ 509 bilhões já em 2015, mais que o dobro em relação aos 10 anos anteriores.
Esse rápido crescimento continuou nos últimos cinco anos, visto que a expansão do acesso à internet e uma maior disponibilidade de dispositivos compatíveis têm ampliado o alcance de bens e serviços criativos de forma exponencial.
Categorizar o que a economia criativa engloba é uma tarefa complexa e cada país conta com uma definição própria. Mas, de uma forma ampla, é possível incluir nesse segmento todas as transações que possuem um bem ou serviço econômico derivado da criatividade com um valor econômico.
Ou seja, a economia criativa conta com uma gama ampla de produtos que inclui desde artes cênicas, transmissões de shows e cinema até publicidade, arquitetura e softwares de lazer.
Digitalizar os serviços é a principal lição dessa tendência
No geral, as indústrias criativas tendem a se adaptar melhor às plataformas digitais e responder com eficácia a ambientes econômicos em transformação e às tendências globais de oferta e demanda.
Tendo em vista que cada vez mais as pessoas têm recorrido à internet para entretenimento, como serviços de streaming e jogos, desenvolver formas de atender a essa demanda se tornou um dos principais objetivos de diversas companhias e muitas delas têm encontrado sucesso dessa forma.
Um dos melhores exemplos recentes disso são os diversos jogos de cassino, que ao perceber que havia um enorme público em busca de jogos modernos para seus dispositivos, rapidamente desenvolveu versões atualizadas de clássicos como as slots voltadas especificamente para celulares e computadores.
Outro que pode ser citado é o de locais culturais como Nashville e Nova Orleans, cuja economia criativa depende principalmente de shows musicais, que desenvolveram uma ampla gama de programação digital e passaram a apresentar seus shows para todo o mundo.
Ainda que os shows e artistas sejam locais, essas cidades se utilizam de recursos digitais para ampliar a possível oferta de seus produtos criativos e conseguir atingir um público que antes seria impensável, além de promover a inovação no turismo local.
É claro que uma performance digital nunca vai substituir totalmente a apresentação ao vivo, mas à medida que a tecnologia se desenvolve, investir nessa alternativa se mostra uma das decisões mais vantajosas possíveis – até mesmo porque a tecnologia pode ser utilizada para complementar a arte, como mostram diversos artistas contemporâneos.
Outras lições valiosas também podem ser aprendidas com essa tendência
Além de seus benefícios econômicos, a economia criativa também gera valor ao contribuir para alcançar o desenvolvimento social inclusivo e sustentável de diversos segmentos da população.
Embora certos bens e serviços criativos, como as publicações impressas, tenham diminuído nos últimos anos à medida que a internet se popularizou, a economia criativa mostrou que é possível atingir novos públicos por meio de outras formas.
Por exemplo, o uso das diversas redes sociais e outras plataformas de compartilhamento, como os bem-sucedidos Facebook, Twitch e TikTok, forneceram uma nova forma para que a indústria de comunicação e entretenimento se expandisse.
Além da digitalização, existem outras lições que podem ser aprendidas com a economia criativa para o desenvolvimento de negócios. Investimentos aliados a treinamento e o estabelecimento de incubadoras, aceleradoras e outros tipos de operações têm se mostrado muito valiosos.
Um bom exemplo do desenvolvimento dessa infraestrutura é o Reino Unido, que foi o primeiro a realizar um estudo do potencial da indústria criativa. Em pouco tempo ele foi capaz de formar um programa de desenvolvimento que incluiu o estabelecimento de agências de apoio, fornecimento de instalações a taxas reduzidas, subsídios e empréstimos acessíveis e a disseminação do conceito de investidores anjos.
Os resultados são tangíveis hoje. As indústrias criativas no Reino Unido valem 77 bilhões de libras esterlinas e fornecem 1,7 milhões de locais de trabalho com mais de 7 milhões de pessoas empregadas no total, de acordo com dados da Ernest & Young.
No Brasil não é diferente. Desde a criação da Secretaria de Economia Criativa (SEC) em 2012, que conta com diversos programas de fomento, o setor chegou a 10% do PIB atualmente, com mais de 11 milhões de pessoas em empregos relacionados. O potencial de crescimento é ainda maior para a próxima década.
Por sjonline