“Amnésia antiética”: nós tendemos a esquecer o que fizemos de mau e lembrar bons atos
Os seres humanos, de uma forma geral, se preocupam com a moralidade. No entanto, muitas vezes se envolvem em ações que contradizem essa mesma moral.
E é aí, segundo artigo científico da Universidade de Princeton, que entra em ação a “amnésia antiética”, observada quando as pessoas se esquecem ou se lembram menos vividamente de suas falhas.
Ser humano tende a esquecer suas falhas
Com base em nove experimentos somando mais de dois mil voluntários, os pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a esquecer mais de suas mentiras e comportamentos antiéticos quando a amnésia pode servir de desculpa para evitar atitudes moralmente responsáveis no futuro.
Os achados foram publicados no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), em setembro de 2020.
Em um dos experimentos, os participantes eram orientados a relatar experiências éticas e antiéticas de suas vidas. Foi possível notar que as ações éticas eram lembradas com muito detalhes, ao contrário do que ocorria com as memórias de comportamentos negativos.
Outro experimento avaliou a honestidade ética dos participantes com um jogo no qual eles poderiam forjar os resultados para conseguir mais dinheiro. Após duas semanas, os voluntários tinham suas memórias testadas e, mais uma vez, surgiu a “amnésias antiética”: aqueles que haviam roubado no jogo apresentavam lembranças menos claras e mais seletivas.
De acordo com Maryam Kouchaki, ao-autora de um dos estudos, de maio de 2016, o esquecimento tem uma certa função de proteção. As pessoas julgam ser agentes da moral e dos bons costumes até que esta moral imaginária entra em conflito com atos reais. A “amnésia antiética”, então, age como um comportamento defensivo de adaptação, ajudando nosso ego a contornar verdades indesejáveis.
A redução consistente na clareza e vividez da memória das pessoas sobre suas ações antiéticas no passado explicaria, portanto, por que nos comportamos de maneira desonesta repetidamente ao longo do tempo, apontam as pesquisas.
Por Vix