Nova Mitsubishi L200 Triton Sport
Picapes tendem a ser bichos cada vez mais comuns no mundo do automóvel. Por conta disso, mesmo os modelos mais “trilheiros” como a Mitsubishi L200 estão ganhando estilo e sofisticação para acompanhar o ritmo dos carros de passeio. É o caso principalmente da versão Triton Sport HPE-S, variante topo de linha da picape japonesa que testamos neste vídeo.
Considerada um ícone de design em sua quarta geração, no modelo Triton de 2008, a L200 havia ficado um tanto “apagada” na mais recente linhagem, com uma dianteira que destoava do restante da nova gama da marca, encabeçada pelo Eclipse Cross.
Agora a picape adotou a atual filosofia de estilo da marca, chamada de Dynamic Shield, na qual se destaca a dianteira com duas barras em C cromadas e a grade com dois filetes em prata, além dos faróis estreitos – que nesta versão ganham destaque extra pela iluminação em LEDs (menos nas luzes de neblina, uma mancada da Mit). Na lateral se destacam as rodas aro 18″, com desenho exclusivo para esta HPE-S, enquanto na traseira chamam a atenção as lanternas com assinatura noturna em LEDs.
Já na caçamba, a Mitsubishi adotou um prático revestimento áspero que substitui o protetor plástico colocado como acessório. Tamanho e capacidade são os mesmos de antes: 1.046 litros e carga útil de 1 tonelada. Ainda não foi desta vez, porém, que tampa ganhou amortecimento, um conforto que começa a aparecer nas rivais.
Internamente, a nova L200 destaca-se pelo volante de 4 raios e pelas grandes borboletas na coluna de direção para as trocas de marcha, que fazem lembrar do Lancer Evolution. Mas o sedã esportivo é só uma referência, porque o motor segue o mesmo 2.4 turbodiesel de 190 cv e 43,9 kgfm de torque.
O que muda é o câmbio, agora uma caixa de 6 marchas com as primeiras encurtadas em 12%, enquanto a 6ª mais longa que na antiga transmissão de 5 marchas permitiu redução do giro do motor em velocidades de cruzeiro (reduzindo o ruído na cabine). A marca também mexeu na suspensão para deixar a picape um pouco mais suave no trato com pisos ruins.
Embora mais refinado que antes, o interior continua simples se comparado até mesmo aos SUVs da própria Mitsubishi. Exemplos? Apenas o botão do vidro do motorista é iluminado, e também falta iluminação no porta-trecos à frente do câmbio. O painel segue com instrumentos analógicos, mas agora com uma tela colorida no centro para as informações do computador de bordo. A multimídia é da JBL com tela de 7″, conexão Android Auto e Apple Carplay e GPS nativo.
A principal novidade da L200 “facelift” fica por conta dos itens de comodidade e segurança, como sensor de estacionamento dianteiro, monitor de ponto cego, sistema de prevenção de aceleração involuntária, frenagem automática de emergência, alerta de saída de faixa, alerta de tráfego cruzado, chave presencial e farol alto automático – itens exclusivos desta versão HPE-S. Outro item que merece menção é o sistema de ar-condicionado traseiro, com saídas do teto que ajudam a refrigerar toda a cabine rapidamente.
Mais confortável, mas não mais rápida
Apesar do novo câmbio, a L200 2021 mostrou desempenho muito semelhante nos testes instrumentados, com aceleração até um pouco mais lenta (0 a 100 km/h em 11,5 s contra 11,0 s da anterior) e retomadas marginalmente melhores. Ela fica na média da categoria em termos de performance, mas não está no time da frente. Por outro lado, a transmissão de 6 marchas deixou as trocas mais suaves (reduziu o degrau entre elas) e melhorou um pouco o consumo na estrada, com média de 12,1 km/litro de diesel.
Já o conforto da nova calibragem de suspensão é percebido principalmente na cidade, em obstáculos menores, onde a L200 agora passa mais suave e com menos chacoalhadas. Em conjunto com a direção hidráulica, transmite segurança em velocidades de estrada, mas ainda pede atenção nas frenagens, pois afunda bastante a dianteira. No dia a dia, o monitor de ponto cego, a frenagem automática de emergência e o alerta de tráfego cruzado são muito uteis para lidar com uma picape de 5,30 metros. Faltou apenas o piloto automático adaptativo, que a rival Ford Ranger já oferece há algum tempo.
A L200 Triton Sport segue com um interessante sistema de tração 4×4 que pode ser usado no asfalto – útil em condições de chuva, por exemplo. Há também a opção de 4×4 com bloqueio do diferencial central (50% da tração para cada eixo) e bloqueio com reduzida (que a torna praticamente um trator), além do bloqueio do diferencial traseiro (25% da força para cada roda). Novidade fica por conta dos modos de seleção de terreno desta versão HPE-S (terra, lama e pedra), que adapta motor, câmbio e tração para a condição escolhida.
Na terra, nosso caminho de obstáculos foi como um passeio no parque para a Triton Sport. Com a reduzida acionada e os 220 mm de altura livre do solo, encarou subidas e descidas exigentes sem nenhum tipo de dificuldade. E mesmo o ângulo de saída baixo, de 23 graus, foi suficiente para não raspar o para-choque traseiro nas rampas. Na frente, os 32 graus de ângulo de ataque permitem superar sem problemas a maioria das subidas sem bater o bico. Já se a ideia for atravessar alagados, ela aguenta até 600 mm de água sem snorkel.
Com visual atualizado e os novos itens de tecnologia, o principal “obstáculo” que pode barrar o avanço da L200 no mercado é o preço. Tabelada a R$ 245.990, esta HPE-S é uma das mais caras do segmento, reforçando a briga com a também “salgada” Toyota Hilux (que chega a R$ 250.690 na versão SRX). Nós estávamos à espera de fazer um comparativo entre as duas, mas a Toyota ainda não disponibilizou a picape renovada para testes. Melhor para a Mitsubishi, que por enquanto venceu por WO…
FICHA TÉCNICA: Mitsubishi L200 Triton Sport 2021
190 cv a 3.500 rpm; Torque: 43,9 kgfm a 2.500 rpm
Por Daniel Messeder – motor1