Sintomas relacionados ao contágio da Covid-19 já são bastante divulgados pela área médica, como também conhecidos pela população. Mas, o que se pode herdar quando contaminado e recuperado? Na verdade, pesquisas ainda avançam neste sentido. Por ser um vírus novo, cientistas se debruçam para descobrir possíveis ‘heranças’ para quem consegue vencer a doença. Imunidade, perda do olfato, paladar, necessidade de acompanhamento de pneumologistas e outros são fatores que estão na linha de frente dos estudos da medicina.
A doença pode ser mais complexa do que se pensa. Cientistas que se debruçam sobre a pandemia concordam que a Covid 19 é algo sem precedentes no mundo inteiro. Não há parâmetros, tudo é novo. Estudos feitos na Inglaterra chegaram à conclusão que podem existir complicações a médio e em longo prazo. Por isto nunca é demais repetir que as medidas de isolamento social e o uso de máscaras são importantes não só para evitar a contaminação.
Em artigo publicado no periódico British Journal of Sports Medicine, especialistas preveem que 45% dos pacientes que recebem alta hospitalar necessitarão de apoio da assistência médica e social, e 4% necessitarão de reabilitação em ambiente de leito. “Temos que levar em consideração e colocar nessa equação as futuras complicações”, atestam.
De acordo com o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, mesmo quem já teve a doença deve continuar tomando cuidado. “Não temos certeza, por enquanto, de que quem teve Covid-19 uma vez não terá novamente. É importante que quem já teve a doença continue se prevenindo”.
As pessoas que já foram infectadas, segundo especialista, assim como as demais, podem ajudar a propagar o vírus caso não tomem os devidos cuidados. “Mesmo a pessoa que não estiver infectada, se ela colocar a mão em um lugar contaminado, ela pode carregar o vírus. Por isso é importante estar sempre higienizando as mãos, lavando com água e sabão ou com álcool 70%”, orienta.
Informação correta ajuda na ansiedade e prevenção
Além de lidar com os sintomas da Covid-19 e com as consequências da doença, muitas pessoas estão lidando com sintomas de ansiedade, de acordo com a psicóloga da equipe de coordenação de saúde do trabalhador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marta Montenegro. “A Covid-19 é uma doença muito nova, recente, um vírus cujas informações foram se construindo nesse processo de pandemia”.
De acordo com a psicóloga, buscar informações confiáveis ajuda a lidar melhor com a pandemia. “Buscar informação válida, de fontes confiáveis. Isso alivia sintomas emocionais. Às vezes, as pessoas estão em casa recebendo informações que nem sempre são as melhores e acabam ficando muito confusas. Depois de três meses, acham que só estão protegidas dessa forma. Isso acaba gerando um medo de sair de casa. No outro extremo, há pessoas saindo como se não tivessem o vírus, em um processo de negação por dificuldade de lidar com a situação. São dois extremos. Existe o vírus. É necessário manter medidas de biossegurança, mas isso não pode paralisar as pessoas”, acrescenta.
Histórias de luta
No dia 05 de junho, quando o jornalista Paulo Yafusso, 54 anos, recebeu o diagnóstico Positivo para o teste do Covid 19, ele não imaginou que sua vida estaria em risco. Tanto que nem se preocupou com o quadro febril que começou no dia 30 de maio. Foi durante o trabalho que seu chefe, ao perceber o sintoma, mandou que ele fosse imediatamente fazer o teste.
Paulinho, como é conhecido no meio jornalístico recebeu o tratamento em casa durante duas semanas. Mas ao retornar ao serviço médico para acompanhamento, a equipe levou um susto ao fazer a tomografia: o quadro, antes estável, evoluiu de forma drástica com sério comprometimento dos pulmões.
Foram 11 dias de internação, oito na UTI e quatro deles entubado. “Só fui saber da gravidade do meu quadro depois de ser liberado do hospital”, confessa o jornalista que não se recorda do período que ficou internado. Sem poder receber visitas, do lado de fora parentes e amigos faziam correntes de oração e aguardavam as notícias. “Os médicos ficaram impressionados com a rapidez da minha recuperação”, explica.
Monitoramento e cuidados essenciais
Além dele, a mulher, o genro e o sogro também foram contaminados, e felizmente só apresentaram sintomas leves. Ninguém na família tem outras doenças, nem mesmo Yafusso. Mas todos eles são monitorados regularmente pela SESAU. “Ainda sinto um pouco de cansaço”, explica o jornalista. Devido às complicações do seu quadro, ele será monitorado durante um ano pela equipe médica da Cassems.
Quem também está em monitoramento diário é o jovem advogado Gabriel Marques, 24 anos, que felizmente não passou por internação. Apenas nos três primeiros dias ele apresentou quadro de febre e muitas dores no corpo. Morando com os pais e um irmão, houve o temor do vírus contaminar toda a família. Mas quase trinta depois, todos eles estão a salvo.
O mesmo não aconteceu com a namorada. Uma semana após o diagnóstico de Gabriel, ela foi testada positiva. Mais quatro amigos também foram infectados. O motivo? Uma festa no dia dos Namorados em que vários casais de amigos estiveram presentes. “Infelizmente o campo-grandense ainda não se conscientizou da gravidade deste vírus”, diz a mãe, Adriana.
Mesmo tendo testado negativo no exame, a família segue tomando cuidados como o uso constante de máscara, higiene constante das mãos e evitando saídas desnecessárias. Outra medida que tomada foi avisar o condomínio assim que o teste de Gabriel deu positivo. “Acho importante que os moradores saibam para que redobrem as precauções”, revela Adriana.
Por Theresa Hilcar, Subcom – Governo do Estado de Mato Grosso do Sul