Marilena Grolli mostra a cultura das ruas nas suas obras

Marilena Grolli. Foto TV ALEMS

Documentário sobre a artista pode ser conferido no programa Fazendo Arte, da TV ALEMS

Conhecida pelas grafitagens em muros, telas e também por usar seu talento para dar forma a qualquer material reciclável, a artista plástica e grafiteira Marilena Grolli já realizou diversas exposições e mostrou sua produção artística no Brasil e fora do país, comandou o projeto ‘Conexões Graffiti’, oferecendo oficinas e até festival de hip hop à população da periferia de Campo Grande, e também participou do Festival Internacional Board Dripper, no México, que reúne alguns dos melhores artistas para promover e fundir a cultura das ruas.

Marilena da Silva Grolli nasceu em 1º de abril de 1973 em Cáceres, no Mato Grosso. Formada em Artes Visuais pela UFMS, em 2002, ela também é pós-graduada em Arte e Educação. A paixão pela arte começou na infância, quando reproduzia desenhos de gibis, sendo que na escola, em vez de estudar, só pensava em desenhar.

Filha de Maria Coelho da Silva e Antônio Alves da Silva, Marilena se mudou para Campo Grande em 1975, aos 2 anos, com a mãe e os seis irmãos, após a morte do pai. Na adolescência, perdeu três irmãos e vivenciou depressão profunda, se libertando dos lutos e perdas com a série ‘Tormentos’, marcada por desenhos assustadores e densos.

Grolli trabalha com murais desde a década de 90, mas depois da graduação e pós, começou a pesquisar e estudar o universo do graffiti e as técnicas de domínio do spray. Seu estilo está ligado aos cartoons contemporâneos, aqueles desenhos humorísticos de caráter crítico e que envolvem o dia a dia da sociedade, com temas que englobam bicicletas e flores, por exemplo.

O trágico e o cômico foram evidenciados na exposição ‘Capengas’, realizada em junho de 2010 no Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande. Nessa série, a artista mostrou indivíduos tortos na vida, que caem, levantam e recomeçam.

A exposição ‘Capengas’ também pôde ser conferida no Rio de Janeiro e em Campinas. Segundo Marilena, “a série apresenta minha entrega e meu processo criativo. Os Capengas continuam brincando de viver, se entregando às situações apresentadas, pirando, criticando e fomentando discussões”.

Um dos mais importantes festivais de arte e cultura de São Paulo, o Free Art Fest, já conta com 26 edições, sendo que na maioria delas, Marilena Grolli participou desenhando ao vivo e expondo. Atualmente ela é curadora regional desse projeto e seleciona artistas sul-mato-grossenses para participarem dele, e com isso, integra o grupo de artistas da Freeart Agency. 

A cada edição do Free Art, parcerias são firmadas com outros projetos e ações culturais. Em setembro de 2019 a cooperação foi realizada com o festival internacional Board Dripper, na cidade mexicana de Querétaro. Criado em 2009, é um dos mais importantes festivais do mundo por promover e fundir a cultura da rua e do skate, o graffiti, além de disseminar a arte como ferramenta de Comunicação Social; Grolli foi selecionada pela comissão do festival para representar o Brasil como curadora nessa edição.

Para homenagear a Vila Nasser, bairro em que mora há mais de 20 anos, Marilena realizou projeto de grafitagem no centro poliesportivo do lugar, em 2016, embelezando o local com sua arte colorida e democrática. Para ela, o graffiti é muito mais que uma manifestação artística urbana: é educação!

Conexões Graffiti

Foto TV ALEMS

Com apoio do Fundo Municipal de Investimentos Culturais de Campo Grande (FMIC), Grolli comandou o projeto ‘Conexões Graffiti’, em 2018, que ofereceu oficinas e até festival de hip hop para a população periférica da Capital. Já no projeto ‘Semente das ruas’, idealizado pela produtora cultural Angela Finger, a artista ministrou curso gratuito de graffiti, com dez aulas, totalizando cinco horas, elencando desde os conhecimentos básicos a variadas técnicas e até a confecção de um mural a mão livre.

Concursada na FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), Marilena Grolli é gestora de artes do núcleo de Artes Visuais, e por isso já foi jurada, curadora e coordenadora de diversas exposições, salões e eventos artísticos. Também ocupa a cadeira 10 da Aflams (Academia Feminina de Letras e Artes de MS).

Com mais de 30 anos de carreira, Marilena Grolli é uma das mais conceituadas artistas do graffiti em Mato Grosso do Sul. Para ela, arte urbana é doação e depois que o desenho vai para o muro, ele é do mundo.

No documentário a respeito dela há depoimentos da mãe Maria Coelho da Silva, do irmão José Alves da Silva, do artista e empreendedor cultural Gejo O Maldito (criador do Free Art Fest), do rapper e grafiteiro Mano Xis, Angela Finger e da cantora Marta Cel.

Fazendo Arte

Programa Fazendo Arte é produzido pelo jornalista João Humberto. Foto TV ALEMS

As artes são formas de expressão criadas através de inúmeras formas e materiais e, de acordo com a vontade do artista, se transformam em grandes produções. Para valorizar esse universo, a TV ALEMS implantou em sua grade de programação o programa ‘Fazendo Arte’, que vem exibindo documentários sobre artistas e movimentos que enriquecem a cultura sul-mato-grossense.

Produzido, apresentado e roteirizado pelo jornalista João Humberto, o programa pode ser assistido na TV ALEMS (canal 9 da NET) às segundas, a partir das 15h, quartas às 19h e sábados às 14h30, além do Youtube da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Por João Grilo – ALEMS