Alguns times da elite nacional já adotaram o modelo de clube-empresa estabelecido pela Sociedade Anônima de Futebol (SAF)
O futebol brasileiro é referência no cenário internacional, em razão de ser o berço de craques do passado, pela profusão de revelar jogadores extraordinários e por ser o único país pentacampeão mundial. E, nesta quarta-feira (19/07), no Dia Nacional do Futebol, as atenções estão voltadas a exaltar e a debater essa paixão nacional, mas também é uma oportunidade para ampliar a discussão sobre os desafios que os clubes enfrentam na busca do controle e do equilíbrio, dentro de campo, e na gestão orçamentária e financeira, fora dele.
Para contribuir com esse assunto, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) possui o Grupo de Estudos sobre Entidades Desportivas, que discute a atualização de normas contábeis nesse setor. E, nos últimos anos, vários gestores de futebol viram temas, como gestão contábil e governança, ganharem mais relevância e espaço no planejamento dos clubes, tanto no dia a dia, como no futuro dessas instituições.
Historicamente, formalizadas como entidades associativas, sem fins lucrativos, os clubes de futebol brasileiro vislumbraram, a partir da última década, a possibilidade de transformar essas agremiações em clubes-empresas e, assim, encontrar soluções para dívidas vultuosas que comprometem o orçamento de muitas equipes que disputam as principais competições do calendário nacional. E em agosto do ano passado, o Governo Federal sancionou o projeto de lei que permite a transformação do clube em Sociedade Anônima de Futebol (SAF), que permite, entre outros pontos, o pagamento das obrigações do clube aos seus credores por meio de recuperação judicial ou extrajudicial.
O conselheiro do CFC e coordenador do Grupo de Estudo de Normas Contábeis Aplicadas às Entidades Desportivas, Glaydson Trajano Farias, explicou que esse modelo demanda a profissionalização dos gestores e implementação de regras que exigem uma boa governança. O conselheiro aponta ainda que entre os desafios a serem adotados estão eventuais implementações de sistemas de auditoria e de controle interno, para que possíveis investidores tenham o controle de como estão sendo aplicados os investimentos na gestão dos clubes.
“Tanto os investidores, como os conselhos de administração, terão a oportunidade de ter balanços mais confiáveis e, assim, os clubes podem elevar essa questão de transparência e confiabilidade na prestação de contas”, emendou.
Diversas equipes já adotaram as SAFs, com destaque para times da elite nacional, casos de Cruzeiro, Bahia, Botafogo, Vasco da Gama e, recentemente, o Coritiba. A tendência é de que esse modelo se estenda a outros times. Ao mesmo tempo em que os torcedores esperam por vitórias sob esse novo modelo de gestão de seus clubes, dirigentes esportivos e detentores das SAFs terão como desafio buscar soluções contábeis e financeiras para entregar os melhores resultados possíveis para a boa gestão dos clubes e, assim, obter também os melhores resultados esportivos.
Por Carol Veiga