Controle em campo e nas contas: os desafios na gestão dos clubes com chegada das SAFs ao futebol brasileiro

John Textor comprou 90% da SAF do Botafogo. Reprodução

Alguns times da elite nacional já adotaram o modelo de clube-empresa estabelecido pela Sociedade Anônima de Futebol (SAF)

O futebol brasileiro é referência no cenário internacional, em razão de ser o berço de craques do passado, pela profusão de revelar jogadores extraordinários e por ser o único país pentacampeão mundial. E, nesta quarta-feira (19/07), no Dia Nacional do Futebol, as atenções estão voltadas a exaltar e a debater essa paixão nacional, mas também é uma oportunidade para ampliar a discussão sobre os desafios que os clubes enfrentam na busca do controle e do equilíbrio, dentro de campo, e na gestão orçamentária e financeira, fora dele.

Para contribuir com esse assunto, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) possui o Grupo de Estudos sobre Entidades Desportivas, que discute a atualização de normas contábeis nesse setor. E, nos últimos anos, vários gestores de futebol viram temas, como gestão contábil e governança, ganharem mais relevância e espaço no planejamento dos clubes, tanto no dia a dia, como no futuro dessas instituições.

Ronaldo “Fenômeno” adquiriu a SAF do Cruzeiro. Reprodução

Historicamente, formalizadas como entidades associativas, sem fins lucrativos, os clubes de futebol brasileiro vislumbraram, a partir da última década, a possibilidade de transformar essas agremiações em clubes-empresas e, assim, encontrar soluções para dívidas vultuosas que comprometem o orçamento de muitas equipes que disputam as principais competições do calendário nacional. E em agosto do ano passado, o Governo Federal sancionou o projeto de lei que permite a transformação do clube em Sociedade Anônima de Futebol (SAF), que permite, entre outros pontos, o pagamento das obrigações do clube aos seus credores por meio de recuperação judicial ou extrajudicial.

O conselheiro do CFC e coordenador do Grupo de Estudo de Normas Contábeis Aplicadas às Entidades Desportivas, Glaydson Trajano Farias, explicou que esse modelo demanda a profissionalização dos gestores e implementação de regras que exigem uma boa governança. O conselheiro aponta ainda que entre os desafios a serem adotados estão eventuais implementações de sistemas de auditoria e de controle interno, para que possíveis investidores tenham o controle de como estão sendo aplicados os investimentos na gestão dos clubes.

Tanto os investidores, como os conselhos de administração, terão a oportunidade de ter balanços mais confiáveis e, assim, os clubes podem elevar essa questão de transparência e confiabilidade na prestação de contas”, emendou.

Bahia foi outro clube que tranformou seu futebol em SAF. Reprodução Internet

Diversas equipes já adotaram as SAFs, com destaque para times da elite nacional, casos de Cruzeiro, Bahia, Botafogo, Vasco da Gama e, recentemente, o Coritiba. A tendência é de que esse modelo se estenda a outros times. Ao mesmo tempo em que os torcedores esperam por vitórias sob esse novo modelo de gestão de seus clubes, dirigentes esportivos e detentores das SAFs terão como desafio buscar soluções contábeis e financeiras para entregar os melhores resultados possíveis para a boa gestão dos clubes e, assim, obter também os melhores resultados esportivos.

Por Carol Veiga