Desmatamento das florestas é citado por 38% dos brasileiros como a maior ameaça para o país hoje
Calor extremo, estiagem fora de época, baixa nos rios, alagamentos. Fenômenos da natureza cada dia mais frequentes e mais percebidos pela população. É o que aponta uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o levantamento, 91% dos brasileiros notaram alguma alteração na temperatura ou no clima. As respostas mais comuns entre os brasileiros são:
- Aumento de temperatura (92%)
- Menos chuvas (66%)
- Rios mais secos (55%)
Em cada região as mudanças notadas são diferentes. No Norte e Centro-Oeste, por exemplo, 90% dos entrevistados notaram redução das chuvas e 76% perceberam a seca nos rios. Enquanto no Sul, o aumento de chuvas foi percebido por 76% dos entrevistados e 69% perceberam mais transbordamento de rios.
A pesquisa ainda revelou a preocupação dos brasileiros com as mudanças climáticas. O aquecimento global é considerado um problema grave para 91% das pessoas.
Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, explica o que precisa ser feito para diminuir os efeitos do aquecimento e a consequente percepção que as pessoas têm sobre o assunto.
“Para isso, a gente precisa desenhar uma agenda que passe pela redução de emissões e diminua o aquecimento global. Isso nos faz pensar numa agenda de transição energética, expandir as energias renováveis, como eólica, solar, a própria biomassa. Como fortalecer os biocombustíveis, como atrair novas tecnologias e aplicá-las dentro de um processo industrial para que a gente tenha mais eficiência e produza cada vez menos gás de efeito estufa.”
Desmatamento: brasileiros enxergam como a maior ameaça
A pesquisa da CNI mostra que 38% dos brasileiros veem o desmatamento florestal como a maior ameaça ambiental para o país hoje. Mas essa preocupação diminuiu em relação ao ano passado, quando 46% dos brasileiros estavam atentos ao problema. Outros dois temas são encarados com preocupação: mudanças climáticas/aquecimento global (23%) e fumaça e emissão de gases poluentes (22%).
Bontempo explica que ações ligadas à proteção das florestas fazem parte da agenda debatida durante a COP28. “Como, por exemplo, a bioeconomia. Como gerar riqueza e recurso a partir da produção de cosméticos, fármacos e de alimentos advindos das nossas florestas.”
A conservação do meio ambiente é considerada ruim ou péssima por 55% dos entrevistados. E 51% consideram o meio ambiente menos conservado em comparação a outros países.
Expectativas sobre redução de emissões
Um dos compromissos firmados pelo Brasil na COP é que, junto com os demais países integrantes, o país irá reduzir 48% das emissões desses gases até 2025 e 53% até 2030. No levantamento, foi questionado sobre a confiança dos brasileiros quanto à expectativa de o país atingir a meta de redução da emissão de gases do efeito estufa. O resultado foi o seguinte:
- 17% acreditam que o país irá atingir a meta
- 37% não acreditam
- 36% acreditam que ela será parcialmente cumprida
Segundo Davi Bontempo, o governo vai trabalhar fundamentalmente na agenda de políticas públicas para criar incentivos para que seja possível fazer essa transição. “Do lado do setor produtivo vamos trazer novas tecnologias, inovação, para que a gente modernize cada vez mais o nosso parque industrial. E do lado da sociedade a gente precisa tratar questões do dia a dia, questões sociais — que vão desde a coleta e separação do lixo — até a economia e eficiência dos nossos recursos naturais.”
Presente na COP28 com mais de 100 empresários, a CNI defende o avanço na implementação do mercado global de carbono, a definição da estratégia de descarbonização da economia e vai trabalhar na mobilização dos países para o financiamento climático – medidas consideradas necessárias pelo setor para o desenvolvimento da agenda climática.
Sobre a pesquisa
A pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem, da FSB Holding, ouviu 2.021 pessoas com mais de 16 anos em todas as Unidades da Federação entre 18 e 21 de novembro. A margem de erro no total da amostra é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
Fonte: Brasil 61