Minha lembrança, meu #tbt de hoje vem de 1989.
Naquele momento da ingenuidade e vigor de minha juventude eu era um jovem artista que acreditava cegamente na meritocracia, acreditava que um trabalho diferenciado seria o suficiente para romper todas as barreiras e que nada poderia ser obstáculo intransponível à competência e a dedicação.
Eu ganharia meu primeiro “Prêmio Esso de jornalismo” no ano seguinte, em 1990, e tinha uma angústia criativa infinitamente maior do que a que ainda tenho nos dias de hoje. Estava sempre procurando algo inovador, diferente para agregar mais valor e interesse pelas charges, exercitando minha capacidade criativa. E como eu nunca tinha visto nenhuma “charge escultura” até aquele momento, decidi fazer as minhas próprias, quebrando paradigmas importantes, principalmente ali no JB.
E revirando meus guardados, encontrei duas fotos. Elas eram dessas esculturas de massinha de modelar que eu fazia na redação do Jornal do Brasil. Depois de prontas, levava para que fossem fotografadas no estúdio para depois então serem publicadas como a charge do dia, na página do editoria do jornal.
Como o tipo de impressão do JB era ainda de placas de chumbo, todos os desenhos tinham que ser em bico de pena, e a única maneira de colocar terceira dimensão nas charges, com volume, luz, sombra e meio tom, era, ao invés de desenha-las, modelá-las, esculpi-las. E depois as pintava pacientemente com tinta acrílica. Muito prazer e amor envolvidos.
Saudades
As fotos eram publicadas assim, em preto e branco. Mas neste mesmo ano eu lançava meu primeiro livro, Brasileiras & Brasileiros, e fiz questão de colocar uma delas em cor na última capa – como eram originalmente – pra que pelo menos uma ficasse registrada em cor.
Nesta mesma última capa tem o depoimento precioso do gigante chargista e caricaturista Nássara, por quem eu tinha um carinho muito grande e me tratava com especial deferência.
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