Agora as reformas saem?

Ano de 2021 é chave para Brasil retomar reformas, mas incerteza política atrapalha

O ano de 2021 será chave para o governo brasileiro revitalizar sua agenda de reformas fiscais, antes das eleições de 2022, e o amplo déficit fiscal e elevado custo do serviço da dívida ressaltam os contínuos desafios para as contas públicas do país, disse a Fitch Ratings nesta segunda-feira, dia da eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, ponto de atenção do mercado em relação à agenda reformista.

Embora lembre que os números fiscais do ano passado vieram melhores que o temido e que o juro está baixo, a Fitch avaliou que a taxa Selic deve aumentar neste ano em resposta às recentes pressões inflacionárias.

As reformas serão discutidas no Congresso Nacional em 2021 para estimular a economia. Foto Freepik

Além disso, a agência entende que uma estabilização e redução permanente da relação dívida/PIB exigiria diminuição mais rápida do deficit primário e o cumprimento do teto de gastos –o que, por sua vez, demandaria o retorno das reformas.

“No entanto, o cenário político não deixa claro se e quando essas medidas serão aprovadas pelo Legislativo”, disse a Fitch, considerando que as eleições municipais do ano passado e as para Câmara e Senado “paralisaram as reformas”.

“O governo Bolsonaro fez esforços para construir uma aliança no Congresso para aprová-las, mas sua capacidade de fazê-lo pode ser testada por resistência de interesses individuais, dinâmica política fluida no Congresso e recente declínio nas taxas de aprovação do presidente”, disse a Fitch.

Deputado Arthur Lira do Progressistas AL é o novo presidente da Câmara dos Deputados. Foto Dida Sampaio/Estadão

A agência prevê que a economia brasileira tenha retraído mais de 4,0% em 2020. O déficit primário deve cair para 3,1% do PIB este ano, ante 9,5% no ano passado.

A Fitch atribui nota “BB-” ao Brasil, com perspectiva negativa, o que “reflete o impacto da pandemia sobre o déficit fiscal e o custo da dívida pública do Brasil, bem como a incerteza persistente quanto às perspectivas de consolidação, dadas as pressões de gastos e as perspectivas incertas de reforma fiscal”.

Por José de Castro – Reuters