TENDÊNCIAS DE CONSUMO NO MUNDO DA MODA PÓS COVID-19

Foto Pixabay

Será que as pessoas vão consumir mais? Sair comprando iguais umas loucas? Será que as pessoas vão consumir menos? Buscar por um consumo mais consciente? A verdade é que ninguém ainda sabe ao certo.

São muitos os que estão especulando sobre como será esse novo mundo pós pandemia. Um dos temas que se mostram mais recorrentes é a questão do consumo.

Sabendo que não podemos prever o futuro, e considerando o fato de estarmos falando de uma determinada parcela da população que após a crise terá acesso ao poder aquisitivo necessário, cabe uma reflexão a cerca do tema.

Duas vertentes antagônicas da questão caminham lado a lado, apresentado seus fatos e discorrendo constantemente sobre seus argumentos opostos. Uma grande questão levantada é a de que as pessoas vão consumir de forma mais consciente. Outra de mesmo tamanho propõe que essa ideia é errônea, acreditado que todas as pessoas vão voltar a consumir da mesma forma ou ate mais que antes da pandemia.

Alguns especialistas propõem que a tendência de um consumo mais consciente, que já era observada ao longo dos anos de uma forma discreta, será mais acentuada. É um fato que cada vez mais as pessoas estão deixando de lado o “comprar por comprar”, buscando analisar o valor agregado naquele produto, se perguntando muitas vezes se vão conseguir usar mais de uma vez a peça, se precisam realmente daquilo, percebendo realmente qual a qualidade fornecida. Atualmente podemos enxergar consumidores questionadores, que questionam as marcas a respeito da sua responsabilidade social, da sua sustentabilidade, da sua cadeia de produção, da sua história. O que antes parcela ínfima demostrava interesse. Hoje, a realidade, segundo os apoiadores da vertente, é de uma busca por entender mais sobre o que consumimos, e que esta tende a se intensificar por causa do covid-19.

Um porém dessa questão se mostra no fato de poucas pessoas realmente saberem que todos esses conceitos existem. Dessa forma não conseguem desenvolver o pensamento crítico para entender que quanto mais sustentável o produto mais caro ele é por exemplo. Assim, como uma loja estilo fast fashion consegue preços menores, tendo menor reconhecimento do passado/trajetória do seu produto, muitos são os que na hora de decidir posicionam na balança e acabam por escolher o de menor valor. Existem também os que sabem da existência dos conceitos e do peso de uma produção manual, acham linda toda a ideia, mas o gasto continua a pesar mais na hora da compra.

Na China um fato chamou a atenção por contrapor essa visão. Após um lookdown intenso, a reabertura das lojas se iniciou no país. A loja da grande grife francesa Hermès chamou especificamente muita atenção nesse período, tendo em vista que na sua primeira tarde de funcionamento criou filas gigantescas e bateu seu recorde histórico de faturamento, lucrando 2,7 milhões de dólares. Essa situação gerou um grande rebuliço, visto que muitos levantaram a questão de que um consumo sustentável seria de todo realmente uma utopia. Esses acontecimentos, contudo, podem ter sua explicação no termo “revenge buying”, compra de vingança, em tradução literal. A expressão surgiu nos anos 80 na China, que vivia até então um sistema socialista restrito, o qual impedia que os chineses tivessem acesso as grandes marcas estrangeiras. Após a revolução cultural e o crescimento do poder aquisitivo por lá todo o desejo reprimido foi liberado gerando grandes compras e aquisições, o mesmo que está se mostrando atualmente. Existe também a questão cultural dos habitantes, que possuem enraizados o ideal de ostentação, que apesar de tender a se mostrar um pensamento retrogrado no mundo ocidental, para eles possui um significado de diferenciação entre os demais.

Dessa forma algumas pesquisas então concluem que o consumo no mundo pós-crise tende a aumentar, impulsionado por pensamentos compartilhados pelos indivíduos nessa nova realidade. Como: “nós nunca sabemos o dia de amanhã”, “não possuímos controle sobre nosso destino”, “o futuro é instável”. Assim as vontades de querer realizar seus desejos e comprar o que desejam quando bem entendem tornam-se corriqueiras.

Existem muitas especulações. O que é necessário entender é que existe muito preconceito em relação ao consumo, tratado muitas vezes como somente uma futilidade. E ele foge muito desse único adjetivo, sendo parte essencial da economia mundial. Obviamente em cenários como o de agora a saúde da população vem em primeiro lugar, mas é importante não subjugar o peso da questão econômica. E com relação a indústria da moda/têxtil, esta é uma das mais poderosas, devido ao grande número de empregos e dinheiro que movimentam. Só no Brasil a indústria têxtil gera 8 milhões de empregos, sendo a segunda indústria que mais emprega no país, se mostrando não uma coisa fútil, e sim, algo em que milhões e milhões de pessoas dependem. Apesar de seu grande papel social, obviamente a indústria da moda tem que ser repensada, o consumo pelo consumo tem que ser repensado.

Essa crise servirá para que as pessoas abram mais os olhos para as coisas ao seu redor e busquem resgatar novos valores repensando os antigos, gerando sem dúvidas impactos nos seus hábitos de consumo. Não necessariamente gastando menos, mas valorizando mais as experiências.

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