Franquia, franqueado e consumidor: a importância de caminharem na mesma direção
Iniciar um novo negócio por meio de uma unidade de franquia é a escolha de muitos empreendedores, como é o caso do Miguel Della Vedova, que há três anos e meio decidiu tornar-se franqueado e investir na abertura de uma franquia do setor de perfumaria.
Apesar da pandemia, o setor franchising não deixou de manter-se positivo e, de acordo com os números da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o 3º trimestre de 2020 fechou com um crescimento menor se comparado a 2019, mas ainda assim positivo, com 2,9% de novas lojas abertas.
Contudo, para que esse investimento ocorra de forma sustentável, é imprescindível que boas e certeiras escolhas sejam feitas, as quais começam no momento da análise e negociação da franquia. “Eu estava querendo buscar algo mais focado na parte do varejo e acabei optando pela franquia por entender os benefícios que ela poderia me trazer, uma vez que se eu fosse partir de um negócio do zero seria mais complicado. A franquia trouxe com ela o conceito de marca, a presença em vários canais, poder representar uma marca forte e, claro, a não necessidade de precisar desenvolver essa marca do zero”, explica Della Vedova.
A busca pela franquia
Além das cláusulas contratuais, das taxas e toda a questão financeira envolvida, Della Vedova aponta para um ponto que para ele, como empresário, foi essencial no momento da escolha: a familiaridade com o setor.
Com uma experiência no segmento de perfumaria adquirida anteriormente, durante três anos de trabalho como vendedor na área, Della Vedova não teve (muitas) dúvidas quando foi apresentado à marca da qual é franqueado hoje. “A escolha da franquia foi uma coisa muito especial pra mim. Para tentar encontrar uma luz, eu fui em uma feira de franquias e lá fui apresentado a diversas marcas. Como eu já tinha uma certa experiência com a área de perfumaria, me interessei muito pela marca com a qual trabalho atualmente. Eu também já havia conhecido a marca durante uma viagem para fora do país e quando vi ela lá na feira foi amor à primeira vista”, brinca o empresário.
Apesar do coração ter sido conquistado pela franquia de perfumaria, Della Vedova lembra que ficou um pouco dividido entre este setor e a área de alimentos, porém, essa indecisão durou pouco. “Fiquei dividido entre a área de perfumaria e também a de alimentos. Mas quando eu pensei melhor no meu perfil e no público que eu estava buscando, foi uma escolha fácil”, relembra.
Os valores não financeiros da franquia
Além da familiaridade com o setor, outro ponto muito importante é o valor daquela marca – e não estamos falando de questões financeiras aqui não, mas sim dos princípios éticos daquele negócio. “Esse para mim foi um fator fundamental. Eu trabalhei no segmento da perfumaria por um tempo, mas também tenho formação em Gestão Ambiental, então essa parte da questão ambiental sempre foi algo muito forte para mim, assim como a luta pelas minorias. Eu queria ter um negócio que me desse faturamento, claro, mas que também representasse os valores que eu acredito e que os consumidores acreditam também”, pontua o empresário, que optou pela marca por ela também trazer em seu DNA estes valores.
Para além do discurso
Para que um relacionamento possa crescer e se fortalecer, é muito importante que haja diálogo e, para isso, que os envolvidos ali sejam transparentes, falem a mesma língua e estejam seguindo o mesmo caminho. Com a abertura de uma nova franquia é a mesma coisa.
Della Vedova, por conta de seus valores pessoais e dos valores do público que tinha em mente alcançar, optou por uma franquia que verdadeiramente dialogasse com isso, o que tornou a relação entre franquia, franqueado e consumidor muito mais sustentável e real. “Eu digo que é um ciclo do bem: a marca faz algo que é fundamental e isso é percebido pelos consumidores. Contudo, os franqueados precisam estar alinhados com esses princípios também porque senão ele não vai conseguir criar um negócio sustentável”, pontua.
Por exemplo, se você está pensando em investir em uma franquia de pet shop, mas não gosta de animais, torce o nariz quando vê um cachorro e não acha o universo pet legal, será bem mais difícil você conseguir transbordar o seu negócio de forma positiva e crescer de forma sustentável. É impossível? Não. Mas será bem mais custoso e pode ser um caminho mais arriscado.
Ainda de acordo com o empresário, o crescimento sustentável de uma franquia se dá basicamente através de um ciclo, o qual é composto por “uma franquia que fala, prega e executa aquilo que de fato apresenta ao mercado; um mercado que percebe essa realidade e que compra os produtos por conta disso; e um franqueado que consegue fazer essa ponte entre aquilo que a franquia cria em suas bases e transmitir isso para o seu público. A unidade franqueada deve transbordar os valores da franquia, por isso é importante que o franqueado saiba destes valores e compartilhe deles, pois assim ficará mais fácil de ver isso acontecer”, reforça.
Por fim, Della Vedova comenta que o sentimento de empreender hoje com um negócio que faz sentido aos seus valores, é algo extremamente satisfatório e “faz com que a gente encontre valores que vão além de uma venda de cosméticos, já que gente passa a transmitir valores e histórias através dessa venda e isso faz a gente se encher de alegria e sentir orgulho daquilo que a gente faz”. Tem sentimento melhor, empreendedor (a)?
Por Gabriela Campos – Finanças & Empreendedorismo