Uso de telas na hora da refeição pode interferir no desenvolvimento do paladar da criança

boy sitting on table while eating an apple
Foto Oleksandr Pidvalnyi

Especialista explica os principais riscos da presença de telas, como celular, na fase inicial da vida

Atrair a atenção das crianças para atividades rotineiras pode ser um grande desafio e atualmente telas como celulares, tablets e televisão tem sido uma ferramenta para atrair os pequenos. Mas, utilizar esse recurso no longo prazo pode ser prejudicial, pois alguns momentos como as refeições, é preciso evitar distrações e trazer a concentração para o alimento que está sendo consumido.

“Quando está na frente de uma tela, toda a concentração está naquilo que ela está vendo e ouvindo, quando ela deveria estar com o foco total nos alimentos que está consumindo. Isso pode atrapalhar o desenvolvimento do paladar, já que a criança aos poucos vai perdendo a habilidade de identificar os sinais de saciedade enviados pelo corpo” explica a fonoaudióloga especialista em motricidade oral com experiência em casos de recusa e seletividade alimentar Carla Deliberato.

Essa prática também pode ser perigosa, pois a criança que está se alimentando sem atenção corre grandes riscos de engasgar. Então, é preciso que caso o adulto opte por utilizar telas para ajudar na hora da alimentação esteja sempre supervisionando para identificar alguma mudança no comportamento durante a refeição.

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A experiência de uma refeição é muito importante no desenvolvimento de uma criança, já que esse é um momento de exploração, onde ela começa a entender que comer não é apenas ingerir um alimento. Esse momento é também de aprendizagem, já que é preciso tocar os alimentos, levar a boca, entender às texturas, sabores e temperaturas.

Segundo a especialista, as refeições também trabalham o desenvolvimento social. “O momento de se alimentar pode ser considerado uma atividade social, pois é a hora de sentar à mesa e compartilhar com a família e amigos. Esse ambiente trabalha a habilidade de interagir com outras pessoas, então é importante que seja uma ocasião tranquila e acolhedora na rotina diária”, finaliza Carla.

Por Carla Deliberato

Fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde 2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar), sequelas neurológicas e oncológicas do câncer de cabeça e pescoço, síndromes, além de atuação em comunicação alternativa e voz.